Em reunião realizada nesta segunda-feira, 20, a Executiva Nacional do PT comemorou a decisão do governo Lula de demitir apadrinhados de deputados que derrubaram a Medida Provisória alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).
A cúpula do PT destacou, em resolução política, que a tarefa “número um” do partido, em 2026, é reeleger o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O coordenador da campanha de Lula será o presidente do PT, Edinho Silva.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e o titular da Casa Civil, Rui Costa, vão ser agora convidados pela direção petista para falar sobre a recomposição da base aliada do governo após as demissões.
A montagem da equipe tem como prioridade a formação de alianças que deem sustentação a Lula nos Estados, com foco na disputa de 2026. O discurso do “nós contra eles” voltará à cena na campanha, agora sob o argumento de que é preciso taxar os super ricos, isentando do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil, projeto que já passou pelo crivo da Câmara e está no Senado.
Para o PT, a rejeição da Medida Provisória 1303 pela Câmara, no último dia 8, foi “resultado da pressão da extrema direita e de setores capturados por interesses dos mais ricos”.
A derrota do governo, na avaliação do partido, serviu para mostrar que “uma parcela expressiva do Congresso Nacional tem atuado contra os interesses da maioria do povo brasileiro e do País”. Nas redes sociais, o PT continua postando mensagens com a hashtag “Congresso inimigo do povo”.
A faxina feita pelo Palácio do Planalto como resposta aos deputados infiéis incluiu indicados por partidos do Centrão, como o União Brasil e o PP. O comando das duas legendas resolveu romper com Lula e deu um ultimato a seus filiados para que entregassem os cargos na equipe.
A ordem, porém, não foi cumprida de livre e espontânea vontade. Além disso, os ministros Celso Sabino (Turismo), indicado pelo União Brasil, e André Fufuca (Esporte), filiado ao PP, resolveram permanecer no governo.
Até agora, as demissões atingiram indicados do PP, União Brasil, PSD, MDB e até do PL do ex-presidente Jair Bolsonaro para postos em bancos e estatais como Caixa Econômica Federal, Correios e Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), além de superintendências regionais no Ministério da Agricultura, na Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) e no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), entre outros.
“Temos plena consciência de que nada é fácil na conjuntura atual. O ambiente político brasileiro e internacional é de grande complexidade, atravessado por intensas disputas e contradições, e a polarização com as forças reacionárias, neoliberais e neofascistas impõe ao Brasil um cenário de permanente tensão e instabilidade”, diz um trecho da resolução aprovada nesta segunda-feira pela Executiva do PT. “Diante disso, reafirmamos que a reeleição do presidente Lula é a tarefa número um do PT em 2026, condição fundamental para garantir a continuidade das transformações sociais, econômicas e democráticas, a consolidação da soberania nacional e a proteção dos direitos do povo brasileiro”.
No documento, o PT aplaude o engavetamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Blindagem pelo Senado, após pressão popular. Na Câmara, porém, 12 deputados do próprio PT votaram a favor da PEC.
A farra das emendas também entrou na resolução do partido. A cúpula petista diz que “a luta por um país mais justo exige enfrentar a distorção provocada pelo atual modelo de execução das emendas parlamentares, que subverte o equilíbrio entre os poderes, enfraquece o Executivo e compromete o planejamento público”.
A regulação das redes sociais, sob a justificativa de que a medida é necessária para a defesa da democracia e a punição de crimes cometidos no espaço virtual, é outro tema defendido pelo PT no texto.
Apesar de ter promovido, na semana passada, cursos em parceria com as plataformas como a Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), TikTok, Google e Kwai, o PT classificou como “urgente” o debate sobre o papel que as big techs cumprem nas democracias.
Com Bolsonaro condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de reclusão, e prestes a ser preso, a Executiva petista decidiu, ainda, organizar atos em todo o País, no dia 8 de Janeiro de 2026, para marcar os três anos da tentativa de golpe. “O Partido dos Trabalhadores reforça a importância da mobilização e reflexão popular nesta data e orienta a organização de atos e atividades em todo o país para reafirmar o respeito às instituições, a soberania popular e a defesa intransigente da democracia”, destaca a resolução política.
Estadão Conteúdo