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Política & Poder

Procurador-geral do Rio diz que Justiça Federal ‘cerceou’ sua investigação

Agência Estado

21/11/2016 18h11

Atualizada

O procurador-geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, Marfan Martins Vieira, afirmou nesta segunda-feira, 21, que a Justiça Federal “cerceou” sua investigação ao não autorizar compartilhamento de provas da Operação Lava Jato que prendeu o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB).

Em nota, Marfan Martins Vieira rechaçou as críticas de que sua Promotoria não tenha conseguido identificar os ilícitos atribuídos pela Lava Jato a Cabral em seus dois mandatos (2007-2014).

Vieira está em seu quarto mandato à frente da Promotoria: 2005/2007 (governo Rosinha Garotinho), 2007/2009 e 2013/2015 (governos Sérgio Cabral) e 2015/2017 (governo Pezão). Cabral nomeou Marfan Martins Vieira em 2007 e o reconduziu ao topo do Ministério Público em 2013.

“Durante o mandato do ex-governador, nem o Ministério Público Federal obteve indícios probatórios mínimos que pudessem justificar a deflagração de ações penais, nem o Ministério Público Estadual pôde ajuizar ações civis por ato de improbidade administrativa, embora tenham sido instaurados diversos inquéritos civis que, por falta de elementos suficientes de convicção, terminaram arquivados com aprovação do Conselho Superior da instituição”, afirmou o procurador, sem citar nomes.

O ex-governador teve a prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal, em Curitiba, e pelo juiz federal Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal, no Rio. O peemedebista é acusado de ter recebido propinas milionárias sobre contratos de obras de empreiteiras – Estádio do Maracanã, Arco Metropolitano, Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj, da Petrobras) -, no Rio. O esquema teria movimentado R$ 224 milhões em corrupção.

Marfan Vieira declarou que a prisão de Sérgio Cabral “deu ensejo à equivocada ilação”, de que “os mecanismos estaduais de persecução de ilícitos, nos quais se inclui a atuação do Ministério Público, não teriam funcionado a contento”.

“Com o fim do mandato do governador, a competência, na esfera penal, deslocou-se para a Justiça de 1ª instância, e a atribuição para ajuizar tanto a ação civil por ato de improbidade quanto a ação penal passou para os Promotores de Justiça. Agora, decorridos dois anos e sete meses do término da gestão, foram obtidas provas que permitiram a decretação de sua prisão pela Justiça Federal”, anotou o procurador-geral de Justiça do Rio.

“Essas provas, é importante frisar, decorreram da utilização do instituto da ‘colaboração premiada’, em que terceiros acusados da prática de crimes, em troca de benefícios, forneceram informações objetivamente eficazes, subsidiando a acusação contra o ex-governador. Apesar de tais provas terem indiscutível relevância em diversas esferas de atuação do Ministério Público Estadual, o seu compartilhamento foi peremptoriamente negado pela Justiça Federal, cerceando-se, em consequência, a atividade persecutória do Parquet fluminense.”

Em julho deste ano, o subprocurador-geral de Justiça do Rio, José Eduardo Ciotola Gussem, solicitou à Justiça Federal, em Curitiba, acesso a provas da Operação Lava Jato. O procurador listou 16 investigações da promotoria de Defesa da Cidadania da capital abertos para apurar suspeitas de improbidade envolvendo as obras do Maracanã, do Parque Olímpico e da Linha 4 do Metrô e o prefeito Eduardo Paes (PMDB).

Em outubro, o juiz Sérgio Moro negou pedido do Ministério Público do Rio para compartilhar provas sobre o “departamento de propinas” da Odebrecht, revelado pela Operação Lava Jato. O magistrado ponderou que as solicitações da Promotoria fluminense eram “genéricas” e que a Polícia Federal ainda não havia terminado a análise de todo o material apreendido na Odebrecht.

O procurador-geral de Justiça afirmou que “o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro tem combatido, com seriedade, independência e determinação, os ilícitos praticados no âmbito das estruturas estatais de poder”.

“São centenas de ações judiciais e de outras medidas propostas nesse sentido, seja para responsabilizar agentes públicos, seja para desconstituir atos administrativos. A título de exemplo, citam-se a ação civil por ato de improbidade administrativa ajuizada, há poucos dias, em face do ex-governador Sérgio Cabral, e a prisão do ex-governador Anthony Garotinho, igualmente decretada há poucos dias, a pedido do Ministério Público Estadual, no exercício da função eleitoral”, anotou Marfan Vieira.

Fonte: Estadao Conteudo

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