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Política & Poder

Onyx diz que não conhece dirigente de entidade investigada no INSS que doou para campanha dele

Onyx afirmou à CPI que a campanha dele recebeu cerca de 115 doações de pessoas físicas no primeiro e no segundo turno

Redação Jornal de Brasília

06/11/2025 21h59

Foto: Agência Brasil

THAÍSA OLIVEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) Onyx Lorenzoni afirmou à CPI do INSS nesta quinta-feira (6) que não conhece o empresário investigado no escândalo de fraudes à Previdência que doou R$ 60 mil para a campanha dele ao governo do Rio Grande do Sul em 2022.


Felipe Macedo Gomes é dirigente da Amar Brasil. A citação a Onyx e ao deputado federal Fausto Pinato (PP-SP) foi o que fez com que os inquéritos da Polícia Federal sobre o esquema de descontos associativos fossem remetidos ao STF (Supremo Tribunal Federal), uma vez que os dois têm foro especial.


Onyx afirmou à CPI que a campanha dele recebeu cerca de 115 doações de pessoas físicas no primeiro e no segundo turno. O ex-ministro disse que não conhece Gomes, assim como a maioria dos doadores de 2022.


“Dos meus 115 doadores, eu não conheço mais de 30% ou 35%. Nunca vi esse cidadão, não sei quem é. E outra coisa: nunca pedi dinheiro para bandido. Sou diferente, muito diferente”, respondeu o ex-ministro sobre o dirigente da Amar Brasil.


Onyx também afirmou acreditar que os peritos recebidos por ele durante a montagem do governo Bolsonaro, em 2018, trataram das suspeitas envolvendo os descontos associativos em aposentadorias e pensões —pivô da operação deflagrada pelo governo Lula (PT) neste ano.


Como revelou a Folha, a ANMP (Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social) afirmou ter levado diretamente a Bolsonaro informações sobre “desvios, fraudes e irregularidades com o dinheiro público dentro do INSS”. A associação também se encontrou com Onyx, à época ministro-chefe do gabinete de transição de Bolsonaro.


“Eu queria saber, por isso lhe perguntei, se o senhor recorda se nesse momento houve tratativa sobre desconto associativo”, questionou o relator da CPI, deputado federal Alfredo Gaspar (PL-AL).
“Eu, sinceramente, acredito que sim, mas o senhor imagina: eu fiz centenas de reuniões naqueles dois meses”, respondeu o ex-ministro.


“Me cabia tentar uma solução. E como é que nós montamos essa solução? Foi para o grupo temático. O grupo temático faz a primeira medida provisória que tenta blindar desconto associativo”, completou.


Além de chefe do gabinete da transição de Bolsonaro, Onyx foi ministro da Casa Civil entre 2019 e 2020, ministro da Cidadania entre 2020 e 2021, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência em 2021 e ministro do Trabalho e Previdência Social entre 2021 e 2022.


O vice-presidente da CPI, deputado federal Duarte Jr. (PSB-MA), registrou boletim de ocorrência e pediu escolta por supostas ameaças feitas contra ele pelo deputado estadual do Maranhão Edson Araújo (PSB).
Araújo é vice-presidente da CBPA (Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura), uma das entidades citadas na Operação Sem Desconto, da PF.


O presidente da CBPA, Abraão Lincoln Ferreira da Cruz, foi ouvido pela comissão na segunda-feira (3). Na ocasião, o relator perguntou sobre um suposto repasse de R$ 5 milhões para Araújo. Ele preferiu não responder. Cruz foi preso por falso testemunho e liberado após pagamento de fiança.


Duarte compartilhou mensagens de WhatsApp pelas redes sociais. Na primeira delas, Araújo supostamente afirma que “lugar de palhaço é no circo”. “Você é um palhaço, irresponsável e incompetente. Nunca recebi nada de aposentado, nós ainda vamos nos encontrar”, diz as mensagens.
O deputado federal perguntou se aquilo era uma ameaça, e o interlocutor afirmou que sim: “Você é um merda irresponsável. Você vai ter que provar tudo que falou ou vai se arrepender”. Na sequência, Duarte Jr. questionou o que iria ser feito, e a pessoa respondeu dizendo que ele iria saber.


Durante a sessão, parlamentares manifestaram solidariedade e afirmaram querer ouvir Araújo. O presidente da comissão, senador Carlos Viana (Podemos-ES), pediu que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), ofereça escolta da Polícia Legislativa ao deputado. A reportagem procurou Araújo, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

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