SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente Lula (PT) criticou nesta sexta-feira (24) os ataques dos Estados Unidos a embarcações em águas internacionais na América Latina, que já mataram ao menos 43 pessoas, e disse que pretende abordar o tema em seu encontro com Donald Trump.
“Antes de punir alguém, eu tenho julgar essa pessoa. Eu tenho que ter provas”, afirmou Lula, acrescentando que terá “imenso prazer” em discutir o assunto com seu homólogo americano.
O petista está em viagem oficial na Ásia e deve encontrar-se com Trump no domingo (26), na Malásia, após uma passagem pela Indonésia. “Você não pode simplesmente dizer que vai invadir e combater o narcotráfico na terra dos outros, sem levar em conta a Constituição dos outros países”, disse Lula a jornalistas na capital Jacarta.
“Se o presidente Trump quiser discutir esse assunto comigo, tirei imenso prazer. Esse e outros assuntos. O mundo não pode continuar nessa polarização”, prosseguiu. “É muito melhor os Estados Unidos se disporem a conversar com a polícia dos outros países, com o Ministério da Justiça de cada país, para a gente fazer uma coisa conjunta. Porque se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer, onde é que vai surgir a palavra respeitabilidade da soberania dos países? É ruim. Então eu pretendo pretendo discutir esses assuntos com o presidente Trump, se ele colocar na mesa.”
O presidente brasileiro disse ainda que traficantes de drogas também são vítimas dos usuários.
“Toda vez que a gente fala de combater as drogas, possivelmente fosse mais fácil a gente combater os nossos viciados internamente. Os usuários são responsáveis pelos traficantes que são vítimas dos usuários também. Você tem uma troca de gente que vende porque tem gente que compra, de gente que compra porque tem gente que vende”, afirmou Lula.
Mais cedo nesta sexta, pouco após Nicolás Maduro falar “não à guerra louca” e pedir “peace forever” diante dos ataques dos EUA, Washington anunciou que atacou mais uma embarcação em águas internacionais da região, matando seis pessoas.
O chefe do Pentágono, Pete Hegseth, publicou um vídeo da ação nas redes sociais. Segundo ele, seis “narcoterroristas” estavam a bordo do barco e nenhum sobreviveu ao ataque.
“A embarcação, segundo nosso serviço de inteligência, estava envolvida no contrabando ilícito de narcóticos, transitava por uma rota conhecida de narcotráfico e transportava entorpecentes”, escreveu o secretário de Defesa.
Os EUA também afirmaram, mais cedo nesta sexta-feira (24), que vão se unir a Trinidad e Tobago para exercícios militares conjuntos perto da costa da Venezuela.
Lula desembarcou na quarta-feira (22) em Jacarta. Depois, seguirá para Kuala Lumpur, na Malásia, onde participará da cúpula da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático, em português).
Lá, o brasileiro deverá realizar um encontro com Donald Trump no domingo (26), em agenda paralela à cúpula, para discutir também as tarifas impostas ao Brasil e outras medidas relacionadas às autoridades brasileiras, como a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).