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Política & Poder

“Não fui comunicado de novo partido”, diz Belmonte

O presidente Jair Bolsonaro deseja agora pegar o pequeno Partido da Mulher Brasileira, casar de papel passado com ele para as eleições de 2022

Olavo David Neto

09/03/2021 6h46

No Dia Internacional da Mulher, o partido que leva o nome delas recebeu a notícia de que pode ser extinto para abrigar a candidatura de um homem.

Como fizera antes com o PSL, o presidente Jair Bolsonaro deseja agora pegar o pequeno Partido da Mulher Brasileira, casar de papel passado com ele para as eleições de 2022, mudar o seu nome e tomar dele posse inteiramente.

Como disse ontem pela manhã, Bolsonaro está “namorando” um partido, mas só se casa, se vier a ser o “dono” dele. Nesse processo de namoro, Bolsonaro cometeu uma traição? Abandonou de vez a construção do Aliança pelo Brasil, o partido que tentava viabilizar depois que resolveu deixar o PSL? E, nesse processo, aparentemente largou pelo caminho o advogado e cartola Luís Felipe Belmonte, que tinha a tarefa de criar o partido do presidente?

O Jornal de Brasília foi fazer essas perguntas ao próprio Belmonte. As respostas estão na entrevista abaixo do advogado, que é também suplente do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e marido da deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF).

O senhor foi comunicado de alguma pretensão do presidente em “reformar” um outro partido em detrimento do Aliança?

Não, eu não fui comunicado. Fui comunicado de uma possibilidade de ir para um partido para já garantir posição, mas isso não significava suspender o processo do Aliança; seria uma medida de segurança. Especificamente em relação ao PMB, não.

Dentro dessa lógica, qual seria a estratégia? Ele concorreria pelo PMB e depois deixaria a sigla para se juntar ao Aliança?

Aí, não. É melhor ter dois partidos a ter um só. Vamos ver o que ele vai decidir. O projeto do Aliança vai continuar com todo mundo. Isso já havia sido tratado, conversado, caso ele achasse estrategicamente vantajoso ir a outro partido.

O presidente protagonizou uma guerra fratricida junto ao PSL e Luciano Bivar, presidente da sigla. O senhor teme que os ventos mudem, já que seria o “Bivar da vez”?

Não, de forma alguma. Foi algo totalmente diferente, o presidente não fez guerra. Havia um compromisso e o Bivar não honrou. Aí, o presidente saiu do partido. Ele pediu para a gente seguir o trabalho com todo o apoio técnico, com todo o pessoal, que continua se movimentando pelo Aliança.

No momento que ele precisar, quiser, o partido estará à disposição. Não vejo similitude com o PSL.

Alguns parlamentares do núcleo duro do bolsonarismo seguem no PSL, como a deputada Bia Kicis, aqui do DF. Há algum movimento para trazer esses apoiadores ao Aliança?

Alguns deputados não podem sair dos partidos pela cláusula de barreira, já que se elegeram pelos votos do partido. Entre aqueles que apoiam o Bolsonaro, há pessoas já muito envolvidas no processo.

Quais?

Prefiro deixar que cada um se manifeste, que cada um se posicione. São entre 15 e 20 parlamentares ativos na realização do partido.

Não ter um presidente em busca da reeleição atrapalha as pretensões do Aliança para 2022? Será mais difícil emplacar parlamentares?

Não tendo um candidato a presidente? Acho que não. As eleições majoritárias têm coligações, e com certeza o Aliança estará nessa coligação junto com o presidente, independente do partido que ele esteja.

O angariamento de assinaturas segue a passos lentos. Atualmente, são 77 mil, segundo o TSE, faltando quase 415 mil para obter o registro. Esse é um dos motivos do rompante de Bolsonaro?

Não, não está lento. O Aliança é uma realidade. Temos mais de 300 mil fichas, esse número do TSE é baixo pela velocidade de análise das fichas. Temos 200 e poucas mil, e mais cento e poucas mil para entrar no sistema.

Em três meses acredito que a gente tem condições de botar o Aliança de pé.

No máximo em maio temos condições de concluir. Agora, espero que não tenha lockdown, toque de recolher, que aí é difícil. Sem poder andar na rua como vai coletar? Nós estávamos coletando cerca de quatro mil fichas por dia em São Paulo, aqui no DF, no Maranhão, Goiás e no Paraná, principalmente, mas quase todos estão nesse sistema de lockdown. Se retomar logo, não vai custar.

Uma última pergunta: em se concretizando a formação do partido, sua esposa, deputada Paula Belmonte, deixa o Cidadania?

Não, a Paula irá fazer a avaliação dela. Ela não virá para o Aliança, isso já está certo. Há parlamentares ligados ao Aliança que ela respeita muito e não queria concorrer com eles dentro do partido. Ela vai avaliar. Nós somos casados, mas ela tem a avaliação política dela. Eu, por exemplo, fui eleito pelo PSDB e agora estou cuidando do Aliança.

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