YURI EIRAS
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O ex-prefeito do Rio de Janeiro Roberto Saturnino Braga morreu nesta quinta-feira (3), aos 93 anos. Ele estava internado em um hospital particular na zona sul da cidade.
A informação foi confirmada pela família e pelo prefeito Eduardo Paes (PSD).
Saturnino foi o primeiro prefeito eleito do Rio de Janeiro, em 1985. Também foi senador de 1975 a 1985, e de 1999 a 2007. Economista e engenheiro, ficou marcado por ter declarado falência do município durante a gestão.
Saturnino nasceu no Rio em 1931, estudou em colégios tradicionais e se formou em engenharia pela antiga Universidade do Brasil, hoje UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) em 1954.
Iniciou a carreira política em 1963, como deputado federal pelo estado do Rio de Janeiro -então separado do antigo estado da Guanabara. Como parlamentar, representou uma coligação liderada pelo PSB. Em 1975, tornou-se senador.
Ingressou no MDB com a instauração do bipartidarismo durante a ditadura militar. No partido, tornou-se liderança após a saída dos dois grandes nomes da legenda no estado, Chagas Freitas e Amaral Peixoto.
Migrou para o PDT durante a ascensão da figura de Leonel Brizola no Rio na década de 1980. Foi reeleito senador em 1982, já pelo PDT, e escolhido pelo partido como candidato a prefeito nas primeiras eleições municipais diretas da história da cidade. Até 1960, prefeitos do Distrito Federal eram nomeados. De 1960 até 1975, o Rio foi estado da Guanabara.
Saturnino Braga (PDT) venceu o pleito, que teve quase 20 candidatos. O pedetista venceu com 40% dos votos válidos, derrotando concorrentes como Rubem Medina (PFL), Jorge Leite (PMDB) e Marcelo Cerqueira (PSB).
A gestão foi marcada por crises financeiras. A prefeitura estava endividada e o Banco Central proibiu novos empréstimos à cidade. Em 1988, Saturnino declarou a falência do município.
A gestão também vivia uma crise política. Durante a gestão Saturnino rompeu com Brizola, governador do estado entre 1982 e 1987, e trocou o PDT pelo PSB.
Em 1996 foi eleito vereador pelo PSB, e em 1998 foi eleito senador. Esteve aliado ao grupo político que comandou o estado no fim da década de 1990, com Anthony Garotinho e Benedita da Silva. Em 2002, trocou o PSB pelo PT. Terminou mandato no Senado em 2007, e voltou ao PSB em 2019.
Saturnino ganhou homenagens ao longo da carreira política, como a Grã-Cruz da Ordem do Mérito, e publicou livros sobre economia e política.
Na útima semana, foi internado para cuidados paliativos após um quadro de pneumonia. Viúvo, deixa três filhos.
Em publicação no Instagram, o prefeito Eduardo Paes afirmou que Saturnino foi “um dos mais dedicados e corretos homens públicos que a cidade já conheceu”.
“Sua história em defesa da democracia, das liberdades e do povo mais pobre serão sempre lembradas. É uma grande perda para a cidade do Rio de Janeiro e para o Brasil. Meus sinceros agradecimentos por toda sua dedicação à nossa cidade.”