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Política & Poder

Marina Silva pede que a COP30 faça a ‘pororoca da implementação’

Em seu discurso, a chefe da pasta ambiental reforçou a mensagem de que essa tem que ser a COP em que são definidas estratégias para colocar em prática as promessas climáticas.

Redação Jornal de Brasília

10/11/2025 23h08

inauguração do pavilhão brasil na cop30

Foto: Bruno Peres/Agência Brasil

JÉSSICA MAES
BELÉM, PA (FOLHAPRESS)

A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, foi ovacionada ao subir ao palco do auditório Sumaúma, durante o evento de abertura do pavilhão brasileiro na COP30, a conferência das Nações Unidas sobre mudança climática, nesta segunda (10). A plateia estava lotada, com pessoas ocupando todas as cadeiras disponíveis, aglomeradas em pé e até sentadas no chão.


Em seu discurso, a chefe da pasta ambiental reforçou a mensagem de que essa tem que ser a COP em que são definidas estratégias para colocar em prática as promessas climáticas.


“O nosso compromisso é de implementar aquilo que foi decidido. Nós já decidimos muita coisa ao longo desses quase 33 anos, mas infelizmente não temos implementação suficiente”, disse, dando as boas-vindas aos presentes.


“Sejam bem-vindos! E que a gente possa, agora, fazer a pororoca da implementação.”


O evento começou perto das 18h desta segunda-feira. O estande do Brasil é um dos maiores e com maior destaque na zona azul, como é chamada a área de acesso restrito da COP.


Composto por dois palcos, o espaço é decorado com ilustrações que fazem referência à biodiversidade brasileira –além do Sumaúma, batizado em homenagem à árvore símbolo da amazônia, o segundo auditório chama-se Cumaru, outra árvore típica do bioma.


O pavilhão, que funciona como uma vitrine do país, abrigará mais de 140 painéis ao longo das duas semanas da COP30. Os debates serão compostos por membros do setor empresarial, governos subnacionais, academia e sociedade civil.


No evento, a ministra elogiou o TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre) lançado pelo Brasil, afirmando que todos os países reconhecem que a arquitetura do mecanismo é inovadora e inteligente, e lembrou as vítimas do tornado que devastou cidades do Paraná no último final de semana.


“Nós já estamos vivendo a emergência climática na intensificação dos tufões, dos furacões e dos ciclones, como o que aconteceu no Paraná, deixando vítimas”, disse, acrescentando que governos, empresas e o mercado financeiro precisam fazer mais para impedir que essas tragédias continuem se repetindo.


O presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, também discursou e falou sobre o desafio de encontrar consensos nas negociações climáticas.


“Tudo é difícil numa COP, porque ela envolve muitos países. E temos a alegria de ter 194 países presentes aqui”, afirmou. “É maravilhoso podermos trazer todos para mergulhar nesse mundo estranho que é uma COP”.


O diplomata destacou, ainda, a iniciativa do governo brasileiro de integrar as três convenções ambientais criadas durante a Rio-92, conferência que criou o braço climático da ONU, no início da década de 1990.


“Queremos muito uma sinergia das convenções que nasceram no Rio de Janeiro: desertificação, clima e biodiversidade”, disse. “Também queremos unir isso com aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que são provavelmente o mecanismo mais sólido de justica social que já se fez”.


Já a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, comemou a diversidade da COP30. “Temos pelo menos 400 indígenas credenciados na Zona Azul, um número que nunca houve na história das COPs”, afirmou.


Ela ressaltou também a importância da Aldeia COP, espaço criado na capital paraense que deve receber até 3.000 indígenas durante a cúpula do clima. “Estamos chamando [a Aldeia] de coração da COP, porque ali estão os maiores guardiões da vida”.


“Nós estamos falando de encontrar soluções para a emergência climática que o Brasil e o mundo já vivem, por isso queremos falar de justiça climática e racismo ambiental”, completou.


O evento contou, ainda, com um discurso da campeã da juventude escolhida pela presidência brasileira da COP, a ativista Marcele Oliveira, que pediu a inclusão dos jovens nas diferentes frentes de debates e falou da importância da convivência intergeracional.


“No final das contas, multilateralismo é cooperação. Que a gente coopere também entre a gente, de forma intercultural e intergeracional”, disse, acrescentando que as negociações climáticas tratam de questões vitais. “É muito importante olhar para essa COP como uma missão de salvar vidas”.

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