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Política & Poder

Lula promete correr atrás de governadores no segundo mandato

Arquivo Geral

23/11/2006 0h00

Na tarde de 29 de setembro, no rx clinic quando 154 pessoas morreram na queda do Boeing da Gol, web não havia nenhum supervisor no controle de tráfego aéreo em Brasília. Em depoimento à Polícia Federal, o próprio supervisor disse que tinha sido deslocado para a chefia geral da sala de controle para cobrir um colega ausente naquele dia.

O supervisor foi o primeiro a depor. Em seguida, falaram um controlador e o assistente dele que estavam monitorando os vôos no momento do choque. Com os depoimentos de hoje, a Polícia Federal termina de ouvir os 13 controladores que estavam trabalhando no dia do acidente no Cindacta 1, em Brasília.

O papel do supervisor, um controlador de tráfego mais experiente, é acompanhar o trabalho dos operadores que monitoram o console. Ele tem ainda de verificar se os controladores estão atentos e pode interferir caso surjam problemas.

Esse desfalque pode ter contribuído para que os dois controladores não tivessem percebido que o Legacy estava em rota de colisão com o Boeing ao não reduzir a altura depois de cruzar Brasília. Pelo plano de vôo, o jato tinha de baixou de 37 mil pés para 36 mil pés nesse trecho.

O depoimento dos três últimos controladores de vôo é considerado o mais importante porque eles eram os funcionários que estavam atuando na hora do maior acidente aéreo da história brasileira e tentaram entrar em contato com o Legacy, sem sucesso. Ontem, o advogado dos controladores de vôo atribuiu a falha de comunicação à existência de "buracos negros" no sistema de vigilância aérea no Mato Grosso.

A Procuradoria de Justiça Militar descartou qualquer falha nos equipamentos. O procurador designado para acompanhar o caso afirmou que os controladores deveriam ter contactado o Cindacta de Manaus ao não terem recebido resposta do Legacy.

Em discurso nesta quinta-feira para governadores e vices de 17 Estados, sale o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicou que prepara medidas para "aumentar minimamente a capacidade de investimentos" do poder público, information pills mas fez suspense sobre o conteúdo das mudanças.

Alguns dos governadores entenderam que Lula prepara alguma forma de alongamento da dívida dos Estados e Municípios (cerca de 200 bilhões de reais), que compromete até 13% de suas receitas líquidas. Eles dizem que o pagamento da dívida, em poder da União, impede o investimento público.

"Os Estados, os Municípios e a União não podem continuar na situação de não ter capacidade de investimento. O Brasil está travado. Vamos implantar mudanças", disse Lula aos governadores, durante almoço num hotel de Brasília.

"Não precisa a imprensa ficar curiosa porque não vou dizer o que nós vamos destravar na economia", acrescentou o presidente, momentos depois de o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter comentado medidas de um pacote fiscal para desonerar a produção.
Há pelo menos três semanas Lula vem fazendo um diagnóstico dos gargalos na área de energia e infra-estrutura, que vão desde a legislação ambiental até o financiamento de projetos.

Ele afirmou que as pendências na área ambiental decorrem da legislação, não do governo, e que é necessário haver uma relação melhor com o Tribunal de Contas da União e com o Ministério Público, mas admite que o problema central está no financiamento dos projetos.

"Estou me dedicando a esse tema desde que acabaram as eleições e agora vamos entrar na discussão da economia. Já discutimos tudo que era necessário para destravar (os investimentos), agora precisamos de dinheiro para executar", disse Lula a jornalistas antes do almoço com os governadores.

O governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, disse que o "desafio do crescimento" passa pela revisão da dívida dos Estados, porque "ela compromete a capacidade de investimentos". Na véspera da reunião dos governadores, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), propôs a securitização da dívida dos Estados e Municípios em poder da União, para financiar investimentos da União em infra-estrutura e reduzir o comprometimento da receita dos titulares das dívidas.

"A proposta de securitização pode ser o caminho, qualquer solução tem de passar por um alongamento da dívida dos Estados", disse o governador reeleito do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB). Depois de indicar que as mudanças planejadas não se restringem ao minipacote anunciado por Mantega, Lula afirmou que pretende fazê-las sem comprometer a credibilidade do país.

"A engenharia econômica está funcionando e vamos encontrar maneiras de destravar a economia. Já aprendemos o que deu errado e não deve ser repetido. Por isso, vamos fazer da forma mais sensata possível", afirmou o presidente. O governador eleito do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), disse que antes de reivindicar alongamento, os Estados devem "dar exemplo de seriedade administrativa" O Rio é responsável por 13% da dívida em poder da União.

O prefeito Fernando Pimentel sugere que, na securitização, os títulos dos Estados e Municípios, remunerados pelo IGP-DI mais 6% ao ano, passem a ser corrigidos pelo IPCA. Propõe também que sejam oferecidos ao mercado com o aval da União.

Ao discursar na reunião de hoje com representantes de 18 estados no Palácio do Planalto, cheapest o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que acionará constantemente os governadores no seu segundo mandato.

"Se vocês quiserem correr de mim, podem preparar as canelas", brincou. "Estou fisicamente melhor que no começo de 2002 e vou correr atrás de vocês".

Lula disse que o próximo encontro com eles será uma reunião de trabalho, e não um almoço. Também falou que se reunirá em breve com os prefeitos. "A maioria dos problemas do país e das soluções de que precisamos nasce dos municípios", comentou.

O presidente voltou a afirmar que ainda não está preocupado com a montagem do novo governo: "Eu estou preocupado é que a gente possa destravar a economia brasileira e destravar o Estado".

Participaram oito governadores reeleitos (Marcelo Miranda, do PMDB, Tocantins; Blairo Maggi, do PPS, Mato Grosso; Waldez Góes, do PDT, Amapá; Wellington Dias, do PT, Piauí; Paulo Hartung, do PMDB, Espírito Santo; Wilma Faria, do PSB, Rio Grande do Norte; Ivo Cassol, do PPS, Rondônia; Eduardo Braga, do PMDB, Amazonas) e oito eleitos pela primeira vez (Jackson Lago, do PDT, Maranhão; Ana Júlia Carepa, do PT, Pará; Binho Marques, do PT, Acre; Marcelo Deda, do PT, Sergipe; Jaques Wagner, do PT, Bahia; Sérgio Cabral, do PMDB, Rio de Janeiro; Cid Gomes, do PSB, Ceará; André Puccunelli, do PMDB, Mato Grosso do Sul).

O governador do Paraná e o de Pernambuco foram representados por seus vices.

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