Menu
Política & Poder

Lula afirma que Berlim não oferece 10% da qualidade de Belém e que premiê deveria ter ido a boteco

A declaração foi dada durante o evento de inauguração da ponte sobre o rio Araguaia

Redação Jornal de Brasília

18/11/2025 20h13

world leaders gather for the 80th session of the united nations general assembly

GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)

GABRIEL GAMA, LUCAS ALONSO, CATARINA FERREIRA, JOSÉ HENRIQUE MARIANTE, JORGE ABREU E NANÁ DELUCA
SÃO PAULO, SP, BERLIM, ALEMANHA E BELÉM, PA (FOLHAPRESS)

O presidente Lula (PT) respondeu às críticas do premiê da Alemanha, Friedrich Merz, sobre a estadia no Brasil para a COP30 e afirmou que ele deveria ter “ido num boteco no Pará”.


“O primeiro-ministro da Alemanha esses dias se queixou: ‘ai eu fui no Pará, mas eu voltei logo porque eu gosto mesmo é de Berlim’. Ele, na verdade, devia ter ido num boteco no Pará. Ele, na verdade, deveria ter dançado no Pará. Ele, na verdade, deveria ter provado a culinária do Pará, porque ele ia perceber que Berlim não oferece pra ele 10% da qualidade que oferece o estado do Pará e a cidade de Belém. E eu falava toda hora ‘coma maniçoba'”, disse o brasileiro nesta terça-feira (18).


A declaração foi dada durante o evento de inauguração da ponte sobre o rio Araguaia, que conecta as cidades de Xambioá (TO) e São Geraldo do Araguaia (PA).


Lula afirmou que o Pará “saiu do anonimato” com a realização da COP30. “Qualquer parte do mundo sabe hoje que existe o estado do Pará, que existe a cidade de Belém, que é pobre, mas tem um povo generoso como pouca parte do mundo.”


Um pronunciamento de Merz com críticas à estadia no Brasil para o evento climático veio à tona na segunda (17). Ele esteve em Belém no último dia 7, para participar da Cúpula de Líderes da COP30, em que buscou demonstrar que seu governo manteria os compromissos ambientais de administrações anteriores, contudo de maneira diferente. Na prática, prometeu uma “quantia substancial” ao TFFF, o fundo de florestas proposto pelo Brasil, sem quantificar um valor.


“Senhoras e senhores, nós vivemos em um dos países mais bonitos do mundo. Perguntei a alguns jornalistas que estiveram comigo no Brasil na semana passada: Quem de vocês gostaria de ficar aqui? Ninguém levantou a mão. Todos ficaram contentes por termos retornado à Alemanha, a noite de sexta para sábado, especialmente daquele lugar onde estávamos”, afirmou ele.


Depois da fala, o governo alemão exaltou a “beleza natural” do Brasil. Sem comentar as críticas, um porta-voz do governo alemão em Berlim declarou à Folha de S.Paulo que o premiê lamentou não ter tido tempo “de viajar aos limites da amazônia para conhecer melhor a beleza natural impressionante da região”. Também lembrou que Merz descreveu o Brasil como um “importante parceiro da Alemanha” e “de longe, o maior parceiro econômico na América do Sul”.


O ministro de Meio Ambiente da Alemanha, Carsten Schneider, publicou em uma rede social uma fala com elogios ao país. “Brasil é um país maravilhoso, com um povo acolhedor e bom anfitrião”, disse na publicação, em português. “Pena que não poderei ficar mais tempo após a COP. Teria algumas ideias, por exemplo, pescar com meus amigos da amazônia.”


Também nesta terça, o ministro-conselheiro da Embaixada da Alemanha no Brasil, Wolfgang Bindseil, elogiou Belém ao anunciar uma doação de €15 milhões [cerca de R$ 92,4 milhões] para o novo fundo brasileiro voltado a captar recursos para o desenvolvimento de comunidades indígenas e proteção territorial.


“Nesta ocasião especial, eu gostaria de agradecer aos nossos anfitriões por sua hospitalidade e destacar que gosto muito do ambiente da cidade de Belém e desse país maravilhoso”, disse Bindseil, sem citar Merz. Sua fala foi recebida com gritos e aplausos do público.


As reações de lideranças brasileiras incluem o prefeito de Belém, Igor Normando (MDB), e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB). O prefeito chamou a fala de “arrogante” e ” preconceituosa”, e o governador afirmou que causa estranhamento quando “quem ajudou a aquecer o planeta questiona o calor da amazônia”.


O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), escreveu em uma publicação no X que Normando e Barbalho foram “muito educados” nas respostas a Merz. Em seguida chamou o premiê alemão de “filhote de Hitler vagabundo” e de “nazista”.


Paes depois apagou a publicação e fez uma nova postagem. “Já dei minha desabafada de hoje. Fiquem tranquilos no Itamaraty. Viva a amizade Brasil e Alemanha que me emociona!”


A Folha de S.Paulo procurou a Embaixada da Alemanha no Brasil e a Prefeitura do Rio de Janeiro, mas não teve retorno até a ultima atualização deste texto.


Nos perfis oficiais do premiê nas redes sociais, há centenas de respostas de brasileiros. No Instagram, os posts fixados no perfil do premiê têm comentários como “o Brasil é maravilhoso, feia é a sua xenofobia”, “respeite a Amazônia e o Brasil, você depende de nós para respirar!”, “na próxima, nem se dê ao trabalho de vir”.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado