ISADORA ALBERNAZ, MARIANA BRASIL E CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta quarta-feira (17), que na próxima semana irá transformar a música gospel em patrimônio brasileiro, em um novo aceno à população evangélica.
O eleitorado evangélico, que costuma apoiar na sua maioria candidatos ligados à direita, é considerado um dos mais importantes para as eleições de 2026.
O anúncio de Lula foi feito durante reunião ministerial realizada na Granja do Torto, a casa de campo oficial da Presidência. Ao mencionar a intenção de declarar música gospel patrimônio, o petista fez uma menção ao Advogado-Geral da União, Jorge Messias, que é evangélico e foi indicado para uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
“Vamos transformar a música gospel, Messias, em patrimônio. Na semana que vem, você pode estar preparado, porque, além de ser ministro da Suprema Corte, você vai poder cantar música gospel no Palácio do Planalto”, declarou o presidente.
Messias ainda precisa ser sabatinado e aprovado pelo Senado, onde enfrenta resistência do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Como mostrou a Folha de S.Paulo, o AGU tem expressado a senadores uma visão conservadora sobre temas como o aborto para tentar virar votos.
Ele só assumirá uma vaga na corte se tiver ao menos 41 votos no plenário da Casa. Antes, precisa ser submetido a uma sabatina pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).
Segundo pessoas que acompanham o tema disseram à reportagem, o decreto que será assinado por Lula reconhecerá o gospel como manifestação da cultura nacional, englobando música, teatro e literatura religiosa.
A medida também estabelecerá diretrizes para a valorização, a promoção e a proteção da cultura gospel no país. O texto ainda está em ajuste no Ministério da Cultura, comandado por Margareth Menezes.
O reconhecimento é mais uma tentativa do governo Lula de se aproximar dos evangélicos. Em outubro do ano passado, o presidente sancionou um projeto de lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel, a ser celebrado no dia 9 de junho.
Na ocasião, um grupo de fiéis, incluindo o deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que foi aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integra a bancada evangélica, orou e cantou com Lula. Messias estava presente na cerimônia no Planalto.
Um ano depois, Lula afirmou durante o 16º Congresso do PC do B que 2026 será um ano sagrado e cobrou que a esquerda saiba convencer o povo e conversar com diferentes setores, como os evangélicos.
“Evangélico não é contra nós, nós é que não sabemos falar com eles. O erro está na gente, não está neles. […] Nós nos distanciamos do povo”, afirmou.