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Política & Poder

Governo Lula vai redistribuir cargos após demissão de indicados por parlamentares infiéis

Após derrota na Câmara sobre medida provisória que aumentava arrecadação, Planalto demite indicados de parlamentares que votaram contra e prepara nova rodada de nomeações com base leal

Redação Jornal de Brasília

15/10/2025 13h27

o congresso nacional visto do palácio do planalto,

Foto: Leonardo Sá/Agência Senado

CATIA SEABRA
FOLHAPRESS

O governo Lula planeja redistribuir entre parlamentares alinhados as vagas abertas com a demissão dos indicados por deputados que contrariaram o Palácio do Planalto durante votações de interesse do Executivo.

Lideranças do Congresso deverão ser chamadas para reuniões com a ministra Gleisi Hoffmann, da SRI (Secretaria de Relações Institucionais), para indicação de nomes para esses postos.

Na semana passada, o governo começou a demitir apadrinhados dos parlamentares que votaram contra a MP (medida provisória) que aumentava a arrecadação para compensar a isenção do IR (Imposto de Renda) para quem ganha até R$ 5.000 mensais.

A Câmara dos Deputados impôs essa derrota ao Palácio do Planalto ao retirar de pauta a proposta de aumento da CSLL (Contribuição sobre o Lucro Líquido) das fintechs -prestadoras de serviços financeiros digitais, que atuam como bancos- de 9% para 15%.

A MP também previa o aumento de taxação sobre o JCP (Juros sobre Capital Próprio), de 15% para 20%, utilizado para remunerar acionistas de grandes empresas.

Publicada para compensar um recuo do Executivo na tentativa de aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), a medida provisória era apontada como fundamental para o governo Lula.

Dois dias após a derrota, a gestão petista deu início ao processo de mapeamento e exoneração dos ocupantes de cargos indicados por políticos que votaram contra o texto, em uma primeira ação para retaliar os integrantes da base governista que não têm seguido as orientações do Planalto.

Como antecipou a Folha de S.Paulo, cinco superintendentes regionais de ministérios ligados ao MDB e PSD foram exonerados. Um auxiliar de Lula diz que os aliados foram alertados de que essa votação era decisiva e que aqueles que se posicionassem contra a medida provisória fariam a opção de sair do governo.

As primeiras consequências apareceram no Diário Oficial da União, com a exoneração dos superintendentes do Ministério da Agricultura no Pará, Paraná, Minas Gerais e Maranhão. No Ministério dos Transportes, a superintendente do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) de Roraima perdeu o cargo.

Ainda segundo outro integrante do governo, a identificação com exoneração desses indicados vai prosseguir nas próximas semanas. Essa é a primeira etapa da reorganização a cargo da SRI. A segunda etapa envolverá as reuniões de lideranças do Congresso com Gleisi para a indicação de nomes.

Nessa primeira fase, as demissões causaram insatisfação principalmente no PSD, de acordo com deputados ouvidos pela reportagem. Um líder da sigla classificou a ação do governo como pouco inteligente e sem sentido, já que a sigla foi a segunda com maior apoio à MP, atrás apenas do PT.

O PSD orientou voto contra a medida provisória, numa ação coordenada pelo presidente do partido, Gilberto Kassab. Já o MDB declarou voto a favor. Ambas as bancadas racharam, no entanto. No PSD, foram 20 votos a favor do governo e 18 contra. No MDB, 16 votos governistas e 14 contra.

De acordo com parlamentares, as exonerações também alcançaram estatais, como Correios e Caixa Econômica Federal, com demissões em cargos de assessoria e administração regional. A saída de funcionários comissionados dessas empresas não é publicada no Diário Oficial.

A medida provisória era uma das principais apostas do governo Lula para manter a arrecadação crescendo em 2026 e evitar a necessidade de corte de despesas e investimentos no ano eleitoral. Ela tinha impacto previsto de R$ 20 bilhões no Orçamento, e agora o Executivo terá que encontrar outras fontes de receita ou então reduzir seus gastos.

A derrota, por 251 votos a 193, levou o governo a retaliar aliados que foram infiéis, partidos que se dizem na oposição e tinham cargos também foram afetados, a exemplo de indicados do PP e do PL na Caixa, como revelou o Painel, do jornal Folha de S.Paulo.

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