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Política & Poder

Governo barra na CPI do INSS quebra de sigilo de ex-chefe de gabinete de Alcolumbre

Com maioria no colegiado, aliados do governo Lula rejeitaram pedido do deputado Carlos Jordy para investigar Paulo Boudens, ligado ao presidente do Senado

Redação Jornal de Brasília

09/10/2025 12h21

Foto: Divulgação/Paulo Boudens, à direita: ex-chefe de Gabinete do senador Davi Alcolumbre (União)

Foto: Divulgação/Paulo Boudens, à direita: ex-chefe de Gabinete do senador Davi Alcolumbre (União)

CAIO SPECHOTO
FOLHAPRESS

A bancada governista na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do INSS conseguiu, nesta quinta-feira (9), barrar um requerimento de quebra de sigilo de Paulo Boudens, ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), que aparece como beneficiário de repasse de R$ 3 milhões de uma das empresas investigadas, a Arpar Participações.

A rejeição foi por 17 votos a 13. Como mostrou a Folha, o governo se reorganizou e passou a ter a maioria dos votos no colegiado. Alcolumbre é um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

O requerimento, que foi apresentado pelo deputado bolsonarista Carlos Jordy (PL-SC), determinava a quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do ex-chefe de gabinete do presidente do Senado. Também requisitava ao Coaf um relatório sobre transações financeiras de Paulo Boudens.

Alcolumbre sofreu uma derrota na instalação da CPI. Ele apoiava o nome de Omar Aziz (PSD-AM) para presidir o colegiado. O eleito, porém, foi o senador Carlos Viana (Podemos-MG), graças a uma articulação de políticos de oposição horas antes da votação.

O requerimento de Jordy foi o único disputado no voto nesta quinta. Os demais foram aprovados por acordo, sem contar os apoios.

A CPI aprovou as convocações de Danilo Trento, empresário supostamente envolvido no esquema de descontos irregulares em aposentadorias e de Eric Douglas Martins Fidelis, filho do ex-diretor do INSS André Fidelis, cujo escritório de advocacia teria sido usado para intermediar recebimento de recursos dos descontos, segundo as investigações.

Também foi convocado o advogado Eli Cohen, que investigou o início do esquema e já foi ouvido pela CPI em suas primeiras reuniões. Cohen teria sido instruído por integrantes do PL e sugerido, em áudio, que poderia negociar seu depoimento, de acordo com notícias divulgadas na imprensa -ele negou irregularidades.

Além disso, o colegiado decidiu quebrar o sigilo de Milton Baptista de Souza Filho, presidente do Sindnapi (Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos), entidade que tem como vice-presidente José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão de Lula.

A CPI aprovou, ainda, um requerimento de convite para que o ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União) Wagner Rosário, que comandou o órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), fale ao colegiado.

A deliberação foi antes do depoimento do presidente do Sindinapi, Milton Baptista de Souza Filho, conhecido como Milton Cavalo.

O sindicalista está protegido por um habeas corpus concedido pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Flávio Dino. A decisão deu ao depoente o direito de ficar em silêncio durante o depoimento.

O Sindnapi é um dos principais alvos da oposição ao governo Lula na CPI, por ter um irmão do petista como dirigente. Uma das prioridades dos aliados do Palácio do Planalto é blindar o irmão de Lula das quebras de sigilo.

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