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Política & Poder

Gestão Nunes nega prorrogação de prazo para despejo do Teatro de Contêiner

Em nota, a gestão municipal afirma que a área é ocupada irregularmente na rua dos Protestantes

Redação Jornal de Brasília

19/08/2025 19h43

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Foto: Agência Brasil

LEONARDO FUHRMANN E EDUARDO MOURA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Prefeitura de São Paulo negou, nesta terça-feira (19), o pedido do Teatro de Contêiner para prorrogação do prazo de desocupação do espaço, na região central da capital paulista.

De acordo com a gestão Ricardo Nunes (MDB), o grupo foi notificado para deixar o local, pela primeira vez, no mês de maio. O terreno é público e é utilizado pela companhia Munguzá de Teatro desde 2016. O espaço foi inaugurado no ano seguinte.

Em nota, a gestão municipal afirma que a área é ocupada irregularmente na rua dos Protestantes. “A decisão da administração ocorre um ano depois do início das negociações, em agosto de 2024. Desde então, foram oferecidas duas áreas para realocação do espaço cultural.”

A gestão Nunes diz que um dos terrenos oferecidos para o grupo teatral tem cerca de 900 metros quadrados, o que seria três vezes maior do que o espaço onde o teatro funciona atualmente.

“A administração reitera já ter aportado R$ 2,5 milhões em apoio às atividades do Mungunzá. A área ocupada pelo grupo está dentro de um amplo projeto de revitalização da prefeitura, incluindo a construção de habitações e área de lazer”, diz a nota.

A última notificação para desocupação do espaço foi assinada e recebida no dia 6 de agosto, com isso, como o prazo é de 15 dias para o grupo deixar o local, o limite seria a próxima quinta-feira (21).

Os artistas da companhia Mungunzá, criadora e gestora do Teatro de Contêiner, afirmam que entraram com o pedido de prorrogação do prazo às 12h desta terça-feira e que a prefeitura informou da rejeição do pedido às 16h.

“Fica claro que eles nem tiveram tempo de analisar o pedido, que rejeitaram sem analisar o mérito”, diz Marcos Felipe, um dos integrantes do grupo.

Nesta tarde, a Guarda Civil Metropolitana esteve no prédio de um antigo hotel, que fica no mesmo terreno, para expulsar de lá os integrantes da companhia.

O prédio era lacrado, mas o grupo mantinha uma porta no local e o utilizava como estoque de materiais e serralheria para a construção de cenários.

“A gente ocupa o prédio desde a época que começamos a usar o terreno, em 2016. Chegamos a fazer apresentações lá dentro, mas deixamos de usar para receber público em razão de sua precariedade”, diz o artista.

Eles afirmam que não é o único problema que enfrentam desde a ameaça de despejo. Na semana passada, o fornecimento de água foi cortado, dizem. O grupo estima que, desde então, já recebeu mais de 2 mil pessoas.

“O corte coincide com um projeto em que recebemos crianças de escolas públicas da rede estadual e municipal”, conta Marcos Felipe.

Atualmente, o teatro recebe apoio de dois editais estaduais e um municipal, para os quais foi selecionado por uma comissão. Segundo a equipe, o teatro tem pelo menos 60 apresentações já programadas até o dia 20 de dezembro. Com isso, os artistas pedem a permanência até o final do ano.

Dilma Corrêa, que faz parte da próxima produção, conta que o grupo estava ensaiando a peça quando homens começaram a quebrar uma das paredes do prédio ao lado do Teatro de Contêiner.

Dilma aparece no vídeo publicado pela companhia, nas redes sociais, no qual é possível ver o momento em que guardas municipais retiram as pessoas de dentro do imóvel.

Por volta das 14h30 desta quinta, quando ela chegou no local, havia a presença ostensiva de policiais, muito maior do que o habitual, diz.

“Foi tudo muito rápido”, conta Dilma. Segundo ela, houve uma tentativa de início de negociação com os profissionais que derrubaram a parede.

“Quando a gente percebeu que não tinha conversa, nós entramos lá [no prédio]”, diz.

Nunes, o subprefeito e os secretários Totó Parente (Cultura) e Regina Santana (Direitos Humanos) são alvos de um inquérito civil do Ministério Público de São Paulo que apura “ato doloso de improbidade administrativa” em razão da primeira ordem de despejo, datada de maio.

A investigação é feita pela Promotoria, que afirma não haver informações detalhadas do projeto habitacional que a prefeitura diz que será instalado no local.

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