O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo, 23, que, independentemente da ausência do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Cúpula do G20, em Johannesburgo, na África do Sul, o país segue sendo a maior economia do mundo, o “país mais importante”. Porém, a votação unânime dos demais 19 países presentes endossa a relevância da declaração final divulgada pelo bloco.
Questionado por jornalistas se a divulgação de uma declaração final do G20 sem a anuência dos Estados Unidos seria uma demonstração de que a influência norte-americana no mundo estaria diminuindo, Lula lembrou que o país faltou à reunião, que a ausência de líderes ocasionalmente ocorria, mas que isso não impedia uma declaração conjunta. Para o presidente, é importante que o G20 começa a tomar decisões práticas para que os líderes não fiquem desestimulados a participar.
“Você não pode fazer julgamento da importância ou não da participação de um país porque ele faltou uma reunião. Todos os presidentes já faltaram em alguma reunião. E a reunião acontece mesmo sem ter um presidente”, declarou Lula em entrevista coletiva de imprensa após a cúpula.
O presidente brasileiro lembrou que, como estava ausente, os Estados Unidos não participaram da elaboração e da votação do documento, portanto, os demais líderes não têm como saber se o país concorda ou não com o que foi divulgado.
“Mas os 19 países que estavam votaram por unanimidade a aprovação do documento”, frisou. “Os Estados Unidos continuam sendo a maior economia do mundo, o país mais importante. Mas é só importante saber que nós existimos mesmo quando eles não participam de uma reunião. É só isso.”
Lula lembrou que o presidente Trump tem dado demonstrações já há alguns meses de afastamento do multilateralismo.
“Ele já se afastou da Unesco, ele já se afastou da OMC (Organização Mundial do Comércio”, exemplificou. “Qual é a minha inquietação com o G20? A minha inquietação é que nós precisamos começar a tomar decisões para que alguma coisa seja colocada em prática até o próximo fórum, porque, senão, vai dar um vazio e as pessoas vão ficando desestimuladas.”
Quanto à ausência de Xi Jinping, presidente da China, Lula ressaltou que seu país mandou delegação ao G20. No caso de Trump, o norte-americano terá que presidir o próximo ciclo do fórum. Sobre a presidência brasileira, que antecedeu a sul-africana, o presidente disse que os três eventos recentes sediados pelo Brasil – G20, BRICS e COP30 – mostram que o país está preparado.
“A COP foi um sucesso, quem foi deve ter voltado maravilhado, quem não o fez se arrependeu”, disse ele, acrescentando que os eventos mostram a sobrevivência do multilateralismo, embora tenha frisado que a OMC ainda precisa ser fortalecida. “Aprovou-se um documento único na COP, e venceu o multilateralismo.”
Sobre Friedrich Merz, chanceler da Alemanha que causou mal-estar ao comentar que jornalistas teriam ficado felizes ao irem embora de Belém, Lula disse que o alemão não conseguiu conhecer a capital paraense.
“A cabeça dele ficou em Berlim”, disse o brasileiro, adicionando que provaria, numa próxima visita à Alemanha, que o combustível brasileiro emite menos CO2 que o alemão.
Estadão Conteúdo