Menu
Política & Poder

Futuro ministro da Secom fez acordo para encerrar ação sobre fraudes na Bahia

A informação foi revelada nesta quinta-feira (9) pelo UOL e confirmada pela Folha. Procurada, a Leiaute afirmou que, ao longo do processo, comprovou que as alegações contidas no inquérito civil não tinham lastro probatório, demonstrando a correção da sua conduta na execução do contrato

Redação Jornal de Brasília

09/01/2025 18h14

sidônio palmeira

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

JOÃO PEDRO PITOMBO
SALVADOR, BA (FOLHAPRESS)

A empresa Leiaute Comunicação e Propaganda, que tem entre os seus sócios o publicitário Sidônio Palmeira, futuro ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) do governo Lula (PT), fez um acordo com o Ministério Público da Bahia para encerrar uma ação que apurava fraudes em contratos.

A informação foi revelada nesta quinta-feira (9) pelo UOL e confirmada pela Folha. Procurada, a Leiaute afirmou que, ao longo do processo, comprovou que as alegações contidas no inquérito civil não tinham lastro probatório, demonstrando a correção da sua conduta na execução do contrato.

A ação civil pública foi movida em 2022 pela Promotoria para apurar ato empresarial lesivo à administração pública, com base uma auditoria realizada pelo Tribunal de Contas do Estado.

A investigação apurou supostas irregularidades em contrato para serviços de publicidade firmados com o Governo da Bahia na gestão do então governador e hoje ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT).

Além da Leiaute, outras duas empresas foram investigadas: a Objectiva Comunicação e a CCA Comunicação e Propaganda.

Na avaliação da Promotoria, as agências de publicidade teriam fraudado a subcontratação de empresas para prestação de serviços relacionados ao contrato firmado com o governo estadual.

A subcontratação de outras firmas para prestação de serviços era prevista no contrato, mas o processo de escolha deveria ser feito com base na análise de ao menos três orçamentos.

A Promotoria destacou que foi criado um cenário de competitividade fictício, com o uso de documentos falsos e orçamentos fraudulentos.

Documentos falsos de duas empresas teriam sido usados em ao menos 16 processos de pagamentos, envolvendo 57 cotações de preço, em contratos que chegam a R$ 336,2 mil.

Foram utilizados formulários de pagamentos timbrados, carimbados e assinados dessas empresas, mas os responsáveis por elas afirmaram durante a investigação que jamais foram acionadas para as cotações de preços.

Os técnicos do Tribunal de Contas analisaram um universo de 256 processos de pagamentos e identificaram em 107 deles uma repetição sistemática de orçamentos com os mesmos concorrentes e mesmo vencedor das disputas.

Em agosto de 2023, as empresas e Promotoria assinaram um acordo de não persecução cível que encerrou a acusação. O Ministério Público afirmou que não houve prejuízo ao erário ou enriquecimento ilícito e que a investigação se debruçou sobre a violação de princípios.

As empresas não reconheceram práticas ilícitas apontadas pela investigação, mas decidiram solucionar o caso por meio consensual. O acordo firmado entre as partes definiu uma multa de R$ 491 mil pelas três empresas, sendo R$ 306,7 mil da Leiaute.

As empresas também se comprometeram a apresentar um Programa de Ética e Conduta, com melhorias de procedimentos internos, mapeamento de riscos de compliance, a elaboração de um código de conduta e de mecanismos de controle e fiscalização.

Procuradas, as empresas Objectiva e CCA Comunicação e Propaganda não responderam às mensagens e ligações da reportagem.

A Leiaute Comunicação destacou que o Ministério Público reconheceu que não houve prejuízo ao erário.

Afirmou ainda que as alegações da Leiaute também foram acolhidas pelo Tribunal de Contas do Estado, que não aplicou qualquer penalidade à empresa.

A Leiaute informou que todas as obrigações contidas no acordo foram cumpridas e que a assinatura do acordo e o pagamento da multa não configuram uma admissão de culpa ou de veracidade das alegações contidas na ação movida pelo MP-BA.

“Esse tipo de acordo é um instrumento jurídico moderno e eficaz, previsto na legislação para encerrar controvérsias de forma consensual, evitando longos litígios judiciais, com significativos custos à empresa, independentemente da existência ou não de ilícitos”, informou.

Ainda segundo a empresa, a decisão pelo acordo foi eminentemente empresarial, com o objetivo “pôr fim ao processo e evitar desgastes desnecessários à sua imagem, reiterando o seu compromisso com a legalidade, transparência e boa governança”.

Sidônio Palmeira deve tomar posse na próxima semana e assumir o posto de novo ministro da Secom, substituindo o deputado federal licenciado Paulo Pimenta (PT).

Ele atuou na campanha de Lula em 2022 e já vinha ajudando o Planalto com maior proximidade desde o fim do ano passado. O publicitário já atuou, por exemplo, na comunicação do pacote de corte de gastos.

Ele começou sua trajetória no marketing político na Bahia, seu estado natal. Em 2006, coordenou a campanha vitoriosa de Jaques Wagner ao Governo da Bahia. Desde então, atua nas campanhas do PT no estado, como na eleição de Rui Costa ao governo.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado