RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) admitiu neste domingo (7) que pode desistir de ser candidato à Presidência, mas disse que, para isso, haverá um “preço”.
“Olha, tem uma possibilidade de eu não ir até o fim. Eu tenho preço para isso. Eu vou negociar. Eu tenho um preço para não ir até o fim”, disse o filho mais velho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) após participar de um culto evangélico em Brasília.
Questionado por jornalistas sobre o que poderia fazê-lo desistir da candidatura ou se esse “preço” poderia ser a aprovação da anistia a condenados por atos golpistas, o que inclui o pai, Flávio foi evasivo. Disse que o assunto está “quente”, mas que só falará a respeito nesta segunda-feira (8).
Flávio disse que pretende se reunir com líderes do centrão, entre eles Valdemar Costa Neto (PL), Marcos Pereira (Republicanos) e Antonio Rueda (União Brasil), com quem pretende debater a anistia.
Na sexta (5), o senador afirmou que o pai o escolheu como candidato à Presidência e falou em “missão a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”.
Flávio disse que sua eventual candidatura já vinha sendo discutida com o ex-presidente, antes mesmo da da prisão.
Em publicação nas redes sociais neste sábado (6), Flávio disse que as negociações começaram e pediu que lideranças políticas anti-Lula aprovem a anistia aos condenados por tentativa de golpe de Estado, como um primeiro gesto para as tratativas com os partidos.
“Espero não estar sendo radical por querer anistia para inocentes. Temos só duas semanas, vamos unir a direita!”, publicou o senador nas redes sociais.
Flávio disse que já conversou com dirigentes do União Brasil, do PP e do PSD em busca de apoio e afirmou que, apesar de não ser visto com viabilidade eleitoral no momento, ainda vai subir nas pesquisas e que as pessoas vão começar a ver um “Bolsonaro com pensamento pacificador” –um contraponto ao ex-presidente, cuja gestão foi marcada pelos ataques à democracia e aos demais Poderes.
Como mostrou a Folha, dirigentes e líderes de partidos do centrão mantêm a preferência pelo Tarcísio de Freitas (Republicanos) como candidato do campo da direita. Para eles, o governador de São Paulo teria mais chance de ganhar a corrida ao Palácio do Planalto entre outros motivos por ter menor rejeição junto ao eleitorado.
Pesquisa do Datafolha mostrou que o filho de Bolsonaro é rejeitado por 38% do eleitorado. São 20% os que dizem que não votariam em Tarcísio. O presidente Lula (PT) é rejeitado por 44%.
O Datafolha ouviu 2.002 pessoas, com 16 anos ou mais, em 113 municípios, de terça (2) até quinta (4). A margem de erro dos dados gerais da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.