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Política & Poder

Falta de caráter é a marca de Renan, diz Bolsonaro em dia de depoimento de Osmar Terra

“Renan pai e filho fazendo aglomeração do bem. A falta de caráter é a marca do relator da CPI”, escreveu Bolsonaro

Redação Jornal de Brasília

22/06/2021 11h53

Foto: Reprodução

Ricardo Della Colleta
Brasília, DF

No dia em que a CPI da Covid ouve o deputado Osmar Terra (MDB-RS), o presidente Jair Bolsonaro criticou nas redes sociais o relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL). O mandatário compartilhou imagens do senador e de seu filho, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), juntos em atos políticos e disse que a “falta de caráter é a marca” do relator.

“Renan pai e filho fazendo aglomeração do bem. A falta de caráter é a marca do relator da CPI”, escreveu Bolsonaro.
A CPI da Covid ouve nesta terça Terra, apontado como um dos integrantes do gabinete paralelo de aconselhamento ao presidente Bolsonaro fora da estrutura do Ministério da Saúde.

Como mostrou a Folha, documentos do Planalto entregues à CPI indicam ao menos 11 registros de reuniões com a presença de Terra para tratar de estratégias do governo no combate da pandemia, entre 4 de fevereiro de 2020 e 30 de março deste ano.

Médico e ex-ministro da Cidadania, Terra se transformou em um dos principais conselheiros do presidente em temas relacionados à Covid-19.

Terra afirma que trancar pessoas em casa até desenvolvimento da vacina era ‘fora da realidade’

O deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) afirmou que as decisões no início da pandemia, em particular as medidas de isolamento social, foram tomadas por causa de “previsões apocalípticas”.

Terra, notório defensor da imunidade de rebanho, relativizou suas posições em depoimento à CPI da Covid, afirmando que essa imunidade coletiva é “consequência”, é “como terminam todas as pandemias”.

Disse que é um defensor das vacinas e que elas foram a grande revolução da saúde, mas que as imunizações nunca foram desenvolvidas a tempo em pandemias. Terra também criticou as formas de isolamento radicais, defendidas ao longo da pandemia.

“Trancar todo mundo em casa por 18 meses até encontrar a vacina. Ora, isso são propostas fora da realidade. O mundo tem que funcionar para as pessoas se alimentarem”, afirmou.

Terra também repetiu o argumento bolsonarista de que o Supremo Tribunal Federal tirou competência do presidente da República, de forma a minimizar a culpa de Jair Bolsonaro.

“Essas 500 mil mortes não estão acontecendo em outro país, em que o presidente poderia definir tudo”, afirmou, ao repetir que as pessoas ficaram em casa por decisão dos governadores.

ASSESSORAMENTO

O deputado Osmar Terra disse que não tem grupo de assessoramento. Ele alegou que tem obrigação de dar opinião sobre a pandemia por ser político.

“Eu não tenho estrutura nenhuma, senador. Não sou gestor, não determino nada, não tenho recursos para isso. Eu sou uma pessoa que tem opinião e, como deputado, eu tenho obrigação de dar opinião. Se não nem justifica eu ser político, ter mandato. Eu sou obrigado a falar.”

Terra argumentou que suas previsões “otimistas” forma baseadas no surto da Covid na China, na Coreia do Sul e também em um navio de cruzeiro.

Ele disse ainda que não é negacionista e defende a vacina. Ao ser questionado o motivo de ter falado que a epidemia se encerraria em 14 semanas, respondeu que isso ocorreu em outras epidemias.

“Todas as epidemias anteriores foram assim. Esse vírus apresentou mutação mais rápida e surgiram novas cepas”.

ISOLAMENTO

Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) criticou novamente as medidas de isolamento social, usando como argumento o nível de infecções em asilos.

“Eu quero chamar a atenção só para um dado aqui, que pra mim justifica: se isolamento funcionasse, não morria ninguém em asilo”, afirmou.

No entanto, a comparação não pode ser feita porque o fato de pessoas viverem em asilos não configura uma prática de isolamento social. Os moradores dessas instituições constituem uma comunidade, na qual o vírus circula internamente, além de que funcionários e visitantes podem contribuir para infectar os internos.

Além disso, trata-se de uma população extremamente vulnerável ao novo coronavírus.

PREVISÕES OTIMISTAS

Em depoimento à CPI da Covid, o deputado federal Osmar (MDB-RS) reconheceu que suas previsões sobre o número de mortes e duração da pandemia do novo coronavírus eram otimistas e não se concretizaram.

Terra defendeu que suas previsões no início da pandemia foram feitas com base nos dados e experiências que existiam na época. O parlamentar afirmou que o número de mortes pela Covid-19 não seria superior a dois mil

“Eu sei que vão mostrar um monte de vídeos meus falando das previsões. Eu já quero antecipar aqui dizendo para vocês que as previsões que eu fiz foram baseadas não num estudo matemático apocalíptico, como foi o do Imperial College, mas nos fatos que existiam na época, em março”, afirmou.

Terra também reconheceu que não tem uma equipe de assessoramento epidemiológico. No entanto, afirma que baseou suas previsões com base no conhecimento das pandemias anteriores. Também disse que levou em conta os casos da China, da Coreia do Sul e de um navio cruzeiro que teve um surto da Covid-19.

“Aquelas previsões ali, senador, são baseadas no que eu disse antes. E são minhas conclusões, são conclusões pessoais. São baseadas na China: quem diria que a China, com 1 bilhão e 400 milhões de habitantes, tivesse 4 mil mortes até hoje?”, questionou.

“Diante desses dados, que eram os únicos que tínhamos na época, me permitiu ser otimista”, completou.

O parlamentar também mentiu ao falar que “nunca falou de imunidade de rebanho” como uma tese e que apenas constatou que essa imunização coletiva se dá ao fim das epidemias. O relator Renan Calheiros (MDB-AL) apresentou um vídeo no qual Terra aparece defendendo a tese como forma de combater a pandemia.

As informações são da FolhaPress

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