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Política & Poder

Ex de Bolsonaro agora diz ser dona de mansão em área nobre de Brasília

Em 2018, ele tinha afirmado em sabatina que não pagava em dinheiro porque poderia ser roubado, preferindo transações bancárias

FolhaPress

31/08/2022 18h31

Foto: Evaristo Sá/ AFP

Lucas Marchesini
Brasília, DF

Ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro (PL), a candidata a deputada distrital Ana Cristina Valle (PP-DF) informou à Justiça Eleitoral ser proprietária de uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília.

A declaração de Ana Cristina contrasta com afirmação anterior da própria candidata, que negou no ano passado ao UOL ser dona do imóvel onde morava com o filho 04 do presidente da República, Jair Renan Bolsonaro.

A declaração da mansão no rol de bens de Ana Cristina foi revelada pelo site Metrópoles e confirmada pela Folha de S.Paulo.

Em agosto de 2021, quando o UOL mostrou que ela e Jair Renan Bolsonaro se mudaram para a residência no Lago Sul, um corretor que aparecia como o proprietário do imóvel na certidão disse que a residência era alugada.

Na época, a mansão foi avaliada em cerca de R$ 3 milhões por corretores imobiliários consultados pelo UOL. Ana Cristina informou ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no entanto, um valor bem menor: R$ 829 mil.

A declaração patrimonial entregue à Justiça Eleitoral é feita pelos candidatos e não há padrão sobre como os bens devem ser descritos, nem checagem dos dados. Eventuais omissões ou incorreções descobertas, quase sempre pela imprensa, adversários ou eleitores, podem, em tese, ser objeto de questionamento pelo Ministério Público e resultar em ações por falsidade ideológica eleitoral. Punições para esses casos, porém, são muito difíceis.

A ex-esposa do presidente usa o nome de urna Cristina Bolsonaro.

Em 2021, Ana Cristina trabalhava no gabinete da deputada federal Celina Leão (PP-DF) e recebia salário líquido de R$ 6.200.

A casa tem 1.200 metros quadrados -sendo 800 m² de área construída- e inclui espaço de lazer com piscina, de acordo com o UOL. Procurada pela Folha de S.Paulo, Ana Cristina não respondeu.

Os negócios imobiliários da família Bolsonaro são alvo de diversas investigações e escândalos desde o início do governo.

Parte do período analisado na investigação de uma possível “rachadinha” no gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ) é de quando o presidente e Cristina ainda eram casados.

Naquele espaço de tempo, entre 2005 e 2008, o casal comprou cinco terrenos, uma sala comercial em Resende (RJ) e uma casa em Bento Ribeiro, zona norte do Rio de Janeiro.

Na declaração de bens de Cristina constam uma casa em Resende (RJ), uma sala no centro da capital fluminense, e as quotas da empresa Total Vox Telecomunicações. Ao todo, são R$ 1,046 milhão em bens.

Outro caso da família Bolsonaro envolvendo a aquisição de uma mansão em Brasília durante o governo Bolsonaro aconteceu com o filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Ele comprou uma mansão de R$ 6 milhões em um bairro nobre da capital federal e disse na Justiça que utilizou a renda que ganha como advogado, entre outros, para viabilizar a aquisição.

Não há, porém, registros de casos em que o senador atue como advogado no Distrito Federal e no Rio de Janeiro, dois estados nos quais o parlamentar tem carteira válida da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Além do mais, reportagem do UOL divulgada na terça-feira (30) mostrou que metade do patrimônio do clã Bolsonaro é composto de imóveis comprados com dinheiro vivo.

Desde os anos 1990, o presidente, seus irmãos e filhos negociaram 107 imóveis. Desse total, 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo.

De acordo com o levantamento do UOL, as compras registradas nos cartórios como tendo sido pagas em moeda corrente nacional somam R$ 13,5 milhões.

Diante da revelação, o presidente Jair Bolsonaro afirmou não ver problemas na compra de imóveis com dinheiro vivo. “Qual é o problema de comprar com dinheiro vivo algum imóvel? Eu não sei o que está escrito na matéria… Qual é o problema?”, disse na terça, após participar de uma sabatina em Brasília.

Em 2018, ele tinha afirmado em sabatina que não pagava em dinheiro porque poderia ser roubado, preferindo transações bancárias.

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