Os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump mantiveram reuniões reservadas e articulações prévias que pavimentaram o encontro entre os dois presidentes na Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, no dia 23. Apesar da versão oficial de surpresa, tratativas envolveram emissários de alto escalão e ocorreram semanas antes.
O vice-presidente Geraldo Alckmin conversou por videoconferência, em 11 de setembro, com o representante comercial dos EUA, Jamieson Greer, em reunião mantida fora das agendas oficiais. Já o chanceler Mauro Vieira recebeu, dias depois, no Rio, Richard Grenell, enviado especial de Trump, para discutir a possibilidade de um encontro entre os líderes.
Segundo relatos obtidos pelo Estadão, as tratativas ganharam força após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro, quando o governo brasileiro buscava evitar retaliações comerciais. Documentos internos do Mdic recomendavam “manter os canais abertos” diante do risco de novas tarifas americanas.
A aproximação contou ainda com empresários e diplomatas atuando em Washington para reduzir tensões, além de movimentos discretos no setor privado, como os de Joesley Batista, da JBS. Toda a operação foi conduzida sem registros públicos ou notas oficiais para evitar pressões políticas internas e externas.
No dia do encontro, Lula e Trump não criaram obstáculos para se cruzarem na área reservada a chefes de Estado, consolidando uma “química” construída longe dos holofotes.