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Política & Poder

Eleição em SP tem pontas soltas que alteram palanques de Lula e Bolsonaro

Porém, o presidente da legenda, Luciano Bivar, que é candidato ao Planalto, descartou apoiar o PSDB já que os tucanos não o apoiaram

FolhaPress

29/06/2022 13h54

Foto: Reprodução/Agência Brasil

Catia Seabra e Carolina Linhares
São Paulo, SP

Semanas antes das convenções eleitorais, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) podem ter seus palanques fortalecidos em São Paulo por negociações em andamento entre as principais siglas da disputa.

Fernando Haddad (PT) deve ter o apoio de Márcio França (PSB), enquanto Tarcísio de Freitas (Republicanos) deve fechar com o PSD.

A União Brasil, partido com maior fundo eleitoral do país, está dividida entre apoiadores do governador Rodrigo Garcia (PSDB) e aqueles que defendem uma candidatura própria ou até uma aliança com Haddad.

Dirigentes dos partidos envolvidos na corrida paulista evitam antecipar decisões e ressaltam que os partidos ainda estão em conversas, mas a aproximação do prazo eleitoral final eleva a pressão pelo desfecho dos movimentos em curso. As convenções vão de 20 de julho a 5 de agosto.

A principal novela, que envolve os dois pré-candidatos mais bem colocados na última pesquisa Datafolha e afeta o palanque de Lula em São Paulo, é a da candidatura de França.

Como mostrou a Folha, França admitiu, em reunião na segunda-feira (27) com a cúpula do seu partido, que pode desistir da candidatura ao Governo de São Paulo.

Pelo menos desde o fim do ano passado, petistas esperam que o acerto entre PT e PSB no nível nacional, com a chapa Lula e Geraldo Alckmin (PSB), seja replicado no estado, com França concorrendo ao Senado e apoiando Haddad para o Palácio dos Bandeirantes.

Questionado pela reportagem, França confirmou que a coligação nacional entre PT e PSB para eleger Lula é a prioridade. “Combinamos com Lula e outros partidos que as decisões sobre as eleições estaduais não devem prejudicar a vitória do campo democrático, que entendemos representar”, disse.

Na reunião, França afirmou que esperaria até quinta-feira (30) por uma resposta de Gilberto Kassab, presidente do PSD, que avalia apoiar o PSB ou Tarcísio. A segunda hipótese, no entanto, é a mais provável.

Sem o apoio do PSD, França disse aos colegas de partido, de acordo com políticos presentes no encontro, que seria difícil levar sua candidatura adiante.

A expectativa de pessebistas e petistas de que o ex-governador desista nos próximos dias também é alimentada pela decisão do PSB de negociar em bloco com o PT as alianças estaduais -sem destacar São Paulo separadamente.

O partido ainda espera apoio do PT em estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Nesse sentido, uma saída honrosa para França estaria em abrir mão da candidatura em troca do apoio do PT ao PSB em outro estado.

A próxima rodada de conversas entre PT e PSB está marcada para quinta-feira, ocasião em que, havendo a resposta de Kassab, a retirada da candidatura de França já poderia entrar na mesa de negociação.

Petistas intensificaram a pressão sobre o ex-governador na última semana, mas, na sexta-feira (24), em conversa com Lula, França reafirmou sua candidatura em vez de retirá-la.

A resistência de França ao Senado envolve o favoritismo do apresentador José Luiz Datena (PSC), apoiador de Tarcísio, para o posto. A lei eleitoral exige que, para concorrer, Datena deixe seu programa na TV Bandeirantes até esta quinta-feira.

Por isso, a TV Bandeirantes anunciou, em comunicado, que Datena estará de férias a partir de quinta e será substituído por Joel Datena, seu filho. À Folha Datena afirmou que mantém a disposição de concorrer ao Senado, mas ponderou que muda de ideia com frequência.

Petistas e pessebistas, no entanto, afirmam que pesquisas indicam a competitividade de França mesmo considerando Datena como adversário. Aliados de França acreditam ser possível bater o apresentador usando como trunfos os apoios de Lula, Haddad e Alckmin, além da experiência do ex-governador.

Na outra ponta da polarização, Tarcísio, o candidato de Bolsonaro no estado, deve consolidar o apoio do PSD de Kassab. Por enquanto, o PSD mantém a pré-candidatura de Felício Ramuth ao Palácio dos Bandeirantes, mas a expectativa é a de anunciar uma aliança.

Além de Tarcísio e França, o PSD também vinha conversando com o pré-candidato do PDT, Elvis Cezar. A avaliação de Kassab, no entanto, é de que a disputa deve se concentrar em Tarcísio e Haddad.

O presidente do PSD afirma ser natural que a polarização se replique nos estados. Embora admita exceções pelo Brasil, Kassab diz que, em São Paulo, a tendência é que a rivalidade se repita, já que os candidatos de Lula e Bolsonaro têm apoio de suas respectivas bases eleitorais no estado.

“Está claro que Haddad é candidato de Lula e Tarcísio é o candidato de Bolsonaro. Os dois estão conversando ao centro. Haddad está começando a falar bem com o centro com a ajuda de Geraldo [Alckmin]. Tarcísio tem a ajuda de Guilheme Afif (PSD). Geraldo ajuda Haddad e o PSD pode ajudar Tarcísio [se compuserem a aliança]”, diz.

A estratégia de buscar o centro pode pautar a definição da chapa de Haddad, que vem guardando a vaga do Senado para França.

Já a vaga de vice na chapa, que poderia abrigar outros partidos aliados, como Rede e PSOL, pode ser usada, em vez disso, para ampliar o alcance do petista. Aliados dizem buscar alguém com o perfil da ex-primeira-dama Lu Alckmin (PSB).

“Temos que escolher um vice que dialogue com centro, com o eleitorado do interior, com o eleitorado mais conservador. E assim repetir em São Paulo o que é a chapa Lula-Alckmin”, afirma o secretário de Comunicação do PT, Jilmar Tatto.

Fora da polarização, mas visto como um risco pelos adversários por controlar a máquina estatal, o governador Rodrigo Garcia trabalha para amarrar o apoio da União Brasil, partido que dispõe do maior fundo eleitoral e do maior tempo de TV.

Junto do MDB, a União Brasil seria a principal aliada dos tucanos. A ala do partido oriunda do DEM afirma que a legenda vai, sim, formalizar a coligação com Rodrigo.

Existe, contudo, uma divisão interna. Deputados mais próximos ao presidente da sigla, Luciano Bivar, como Júnior Bozzella (União-SP), afirmam que não há nenhuma disposição do dirigente em caminhar com os tucanos e que há um caminho aberto para diálogo com Haddad, com Tarcísio ou até a possibilidade de uma candidatura própria.

Entre petistas, o aceno de Bivar a Haddad foi comemorado, mas a estratégia é aguardar a decisão da União Brasil sem necessariamente buscar ativamente esse apoio, o que poderia dragar o PT para a cisão da sigla.

O que partidos ainda podem definir em SP Márcio França Petistas esperam que França (PSB) desista do Palácio dos Bandeirantes, apoie Haddad e concorra ao Senado. A desvantagem para França seria ter que enfrentar o favoritismo do apresentador José Luiz Datena (PSC) ao posto. Em reunião com o PSB, França admitiu retirar sua candidatura, principalmente se o PSD descartá-lo para apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos). Como o PSB pretende negociar com o PT as alianças estaduais em bloco, uma opção para França seria desistir em nome do apoio petista ao seu partido em outro estado.

Datena O apresentador da TV Bandeirantes, filiado ao PSC, diz que mantém a disposição de concorrer ao Senado na chapa de Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas que muda de ideia com frequência. Para disputar, ele não pode mais apresentar o Brasil Urgente a partir de quinta-feira (30). Em comunicado, a emissora informou que Datena estará de férias a partir de sexta (1º).

PSD O partido de Gilberto Kassab tem conversas com Tarcísio de Freitas (Republicanos), Márcio França (PSB) e Elvis Cezar (PDT), mas a tendência é apoiar Tarcísio. Kassab afirma que Tarcísio e Haddad, representantes da polarização nacional, buscam crescer em direção ao centro, afunilando os demais candidatos desse campo. Nesse sentido, Tarcísio seria uma aposta mais competitiva que França ou Elvis.

O PSD é o quarto partido em termos de verba do fundo eleitoral.

União Brasil Partido com maior tempo de TV e maior fundo partidário, a União Brasil apoiaria o governador Rodrigo Garcia (SP), como é a vontade de boa parte do partido que é oriunda do DEM.

Porém, o presidente da legenda, Luciano Bivar, que é candidato ao Planalto, descartou apoiar o PSDB já que os tucanos não o apoiaram nacionalmente -preferiram Simone Tebet (MDB). Os aliados de Rodrigo no partido, porém, afirmam que o racha não impedirá que a União Brasil se coligue com o PSDB no estado.

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