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Política & Poder

Dia da Independência do Brasil é marcado por protestos de partidos políticos

Manifestantes direita e esquerda dividem o 7 de setembro em Brasília; anistia e soberania dominam debates

Daniel Xavier

07/09/2025 19h28

apoiadores do ex presidente jair bolsonaro (pl) se reuniram para pedir anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro créditos daniel xavier jornal de brasília (7)

Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Por Daniel Xavier
daniel.xavier@grupojbr.com 

O feriado da Independência do Brasil, celebrado no domingo (7), trouxe à capital federal manifestações de grupos com visões políticas diametralmente opostas. De um lado, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) se reuniram para pedir anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, pressionar o Congresso e clamar pela  liberdade do ex-presidente. De outro, movimentos sociais e partidos de esquerda promoveram o Grito dos Excluídos, defendendo a soberania nacional, a democracia e direitos sociais.

O estacionamento da Funarte, atrás da Torre de TV, foi palco do ato pró-Bolsonaro, que começou por volta das 9h. Organizado por lideranças da direita, o evento reuniu milhares de apoiadores, com estimativa de 30 mil pessoas, segundo organizadores. Entre as autoridades presentes estavam a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), os senadores Izalci Lucas (PL-DF) e Jaime Bagattoli (PL-RO), os deputados federais Alberto Fraga (PL-DF), Bia Kicis (PL-DF) e Zé Trovão (PL-SC), além do ex-desembargador Sebastião Coelho (Novo-DF).

apoiadores do ex presidente jair bolsonaro (pl) se reuniram para pedir anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro créditos daniel xavier jornal de brasília (5)
Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Damares Alves, em discurso inflamado, pediu que os manifestantes mantivessem a mobilização e exaltou os avanços da base bolsonarista no Congresso. “Eu quero que vocês mantenham a chama da esperança acesa, porque falta muito pouco. Há um ano atrás nós só tínhamos medo, tristeza e desespero. O jogo mudou, gente. As verdades estão sendo reveladas”, disse. A senadora concluiu sua fala com palavras de ordem religiosas e políticas. “O Brasil é democrático. O Brasil é de Jesus. Volta, Bolsonaro. Volta, Bolsonaro”, encerra o discurso.

O deputado federal Mário Frias (PL-SP) reforçou a importância do retorno de Bolsonaro às urnas, afirmando que a ausência do ex-presidente representaria ruptura democrática. “A vontade do povo de uma democracia se representa numa eleição. E eleição sem Bolsonaro neste país é golpe, é golpe, é golpe”, declarou, acusando também a imprensa de distorcer a voz popular. Frias encerrou exaltando o papel simbólico de Bolsonaro para os manifestantes. “Olhando vocês aí, em cada um de vocês existe o presidente Jair Bolsonaro. Volta, Bolsonaro! Volta, Bolsonaro!”, finaliza Frias.

Zé Trovão também discursou em tom inflamado, relembrando a facada sofrida por Bolsonaro em 2018 e criticando o ministro Alexandre de Moraes. “Hoje faz sete anos que tentaram matar o nosso presidente Bolsonaro. Sete anos que eles tentam todos os dias calar a nação brasileira. Nós somos cria de Jair Messias Bolsonaro, nascemos da coragem de um deputado de baixo clero que mudou a história do Brasil”, afirmou. Trovão ainda mencionou sua prisão, dizendo que aumentou sua determinação. “Quando o Alexandre de Moraes me perseguiu e me colocou na cadeia, ele só me deu mais vontade de lutar pela minha nação”, declara.

apoiadores do ex presidente jair bolsonaro (pl) se reuniram para pedir anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro créditos daniel xavier jornal de brasília
Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

Emocionado, um manifestante chorando desesperadamente  abraçou a senadora Damares, exibindo a tornozeleira eletrônica, clamando por liberdade. Professor e mestre em Educação Física e Artes Marciais, Wellington Sampaio, esteve presente no evento, onde um manifestante conclamou a população a lutar pela liberdade e criticou as prisões de envolvidos nos atos de 8 de janeiro, afirmando que “os anistiados não cometeram crime”. Sampaio destacou ainda a importância da educação e reforçou palavras de ordem em defesa de Deus, pátria, família, justiça e liberdade, incentivando os participantes a permanecerem mobilizados.

A esquerda na Praça Zumbi dos Palmares

Enquanto isso, cerca de três quilômetros de distância, no Conic, apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniam para o Grito dos Excluídos. A manifestação, que contou com cerca de 2 mil pessoas, aconteceu paralelamente ao desfile cívico-militar e ao ato “Reaja Brasil”, promovido pelos bolsonaristas.

O tema desta edição, “Vida em Primeiro Lugar – Cuidar da Casa Comum e da democracia é luta de todo dia”, refletiu o compromisso dos movimentos com a soberania nacional e a defesa dos direitos sociais. Estiveram presentes lideranças como a deputada federal Erika Kokay (PT-DF), a drag queen Ruth Venceremos (PT), o ex-secretário Ricardo Cappelli (PSB), o deputado distrital Gabriel Magno (PT-DF) e o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ).

deputada ruth venceremos a esquerda na praça zumbi dos palmares créditos daniel xavier jornal de brasília (4)
Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

A deputada Ruth Venceremos, no evento, reforçou a importância da soberania e da defesa do povo brasileiro, ao mesmo tempo em que criticou a pauta bolsonarista. “Hoje é um dia muito importante, estamos aqui para mostrar a necessidade de defesa da soberania e dos direitos do nosso povo. Eles têm direito de se manifestar, mas não pode haver anistia para quem depredou patrimônio e atacou a democracia em 8 de janeiro. Podemos discordar, mas o Brasil é soberano, e a proteção do povo é inegociável”, declara ao JBr.

A deputada Erika Kokay, presente no Grito dos Excluídos, ressaltou a relação entre direitos, democracia e soberania, e reforçou o repúdio à anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro: “Os direitos nos permitem consolidar a própria democracia. Por isso estamos aqui e continuaremos aqui, para enfrentar instituições que tentam solapar o protagonismo do Brasil. Falamos de soberania neste 7 de setembro, lembrando que a casa é comum, que queremos ar puro, água limpa, florestas em pé e comida no prato do povo brasileiro. Sem anistia!”.

a esquerda na praça zumbi dos palmares créditos daniel xavier jornal de brasília (3)
Foto: Daniel Xavier/Jornal de Brasília

O Grito dos Excluídos é realizado desde 1995 como contraponto aos desfiles militares e reuniu movimentos sociais, sindicais, estudantis e culturais. Entre as pautas deste ano estavam a repulsa à anistia para os envolvidos nos atos golpistas, o fim da escala 6×1 no serviço público e a aprovação da reforma do Imposto de Renda.

Um jovem de 27 anos, que preferiu não se identificar, participou do ato da esquerda e afirmou ao Jornal de Brasília: “O intuito é mostrar que o Brasil é soberano. Não devemos ficar para trás, somos um país rico. O Brasil é do povo, devemos lutar pela nossa gente. O Brasil é democrático e de todos os brasileiros. Arregaçarei as mangas até o final da minha vida. Estamos aqui para tentar mudar algo, e devemos fazer isso”.

A escolha do 7 de setembro reforça a dimensão simbólica das mobilizações. A retomada do julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, prevista para a terça-feira (9), adiciona tensão ao cenário, reforçando a disputa de narrativas entre direita e esquerda. Em Brasília, como em diversas cidades do país, o feriado da Independência transformou-se em palco de debates acalorados, onde liberdade, soberania e justiça social se cruzaram em uma paisagem política dividida, mas ativa.

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