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Política & Poder

Deputada Joenia Wapichana vai comandar a Funai

Nesta sexta, Joenia estava acompanhada de diversas lideranças indígenas, entre elas o Cacique Raoni, líder histórico dos povos indígenas brasileiros

FolhaPress

30/12/2022 18h18

Lucas Marchesini e João Gabriel
Brasília, DF

A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) será a próxima presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio). Ela se reuniu com o presidente eleito Lula na tarde desta sexta-feira (30) e aceitou o convite.

Não está decidido ainda a qual ministério a Funai estará vinculada. O órgão é historicamente ligado ao Ministério da Justiça, mas o grupo responsável pelo tema durante a transição pleiteia que a fundação passe para o Ministério dos Povos Indígenas, que será ocupado pela deputada federal eleita Sonia Guajajara (PSOL).

De acordo com Wapichana, a decisão será tomada depois da posse de Lula, no dia 1º de janeiro. Ela será a primeira liderança indígena a ocupar o cargo de presidente da Funai.

“Tem muitas prioridades porque a Funai foi bastante desmantelada, sucateada, houve muita falta de investimento, principalmente relacionado à não demarcação e à invasão de terras indígenas, que aumentou muito, e à violência, que se acentuou”, disse Wapichana.

Até as eleições de 2022, ela era única mulher indígena eleita no Congresso, e apenas a segunda representação indígena na história do Parlamento brasileiro. A primeira foi há 40 anos, com a eleição do xavante Mário Juruna (1943-2002), eleito pelo estado do Rio de Janeiro no PDT.

Nesta sexta, Joenia estava acompanhada de diversas lideranças indígenas, entre elas o Cacique Raoni, líder histórico dos povos indígenas brasileiros.

Raoni afirmou que pediu a Lula que sejam feitas indicações de indígenas para os órgãos indigenistas do governo federal. Como exemplo, ele citou a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena), do Ministério da Saúde.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, Guajajara afirmou que o Ministério dos Povos Indígenas começará com cerca de 140 servidores e contará com três secretarias, uma de promoção territorial, uma de gestão e outra de articulação institucional.

Wapichana foi uma escolha de Lula. Ela também era cotada para assumir o Ministério dos Povos Indígenas, que acabou com Sonia Guajajara também por decisão do presidente diplomado, como antecipou a Folha de S.Paulo.

A estrutura, inclusive, causou ruído dentro do movimento indígena. Publicamente, lideranças criticaram a escolha e defenderam que Wapichana, que vai deixar a Câmara dos Deputados neste ano, fosse ministra e Guajajara, que foi eleita deputada federal, seguisse no Legislativo.

Guajajara afirmou que entendia como normal a reação.

Dias antes da escolha de Guajajara, Wapichana teve reuniões com integrantes do PT, inclusive com a presidente Gleisi Hoffmann, e ainda acreditava ter chances de assumir a pasta.

Mas já nesta quinta-feira (29), dia do anúncio oficial de Lula, as duas compareceram juntas ao evento.

O movimento indígena também vinha, internamente, articulando outros nomes para a chefia da Funai -e agora essas lideranças devem acabar assumindo cargos dentro do ministério ou na fundação.

Nesta semana, o presidente escolhido por Bolsonaro para a Funai, Marcelo Xavier, foi exonerado.
No cargo desde 2019, ele foi pivô da saída do indigenista Bruno Pereira do órgão.

Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips, que estava em uma viagem para escrever um livro, foram assassinados no Vale do Javari em junho deste ano. Bruno e os indígenas da região rastreavam crimes em andamento nas terras protegidas do vale e tinham sido ameaçados de morte.

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