O senador Delcídio Amaral (PT-MS) afirmou em sua delação premiada, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o pecuarista José Carlos Bumlai – preso desde novembro de 2015, pela Operação Lava Jato – foi o principal responsável pela implementação do Instituto Lula. Apontou ainda o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, como um dos “mantenedores” da entidade fundada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“No que diz respeito a relação entre José Carlos Bumlai e o Instituto Lula afirma o depoente que ouviu do próprio Bumlai que foi ele mesmo quem ajudou a construí-lo, estruturá-lo e organizá-lo”, afirmou Delcídio, em sua delação fechada com a Procuradoria-Geral da República.
Bumlai, segundo o senador, seria “quem resolvia os problemas da família de Lula”. “Quando algum (problema) aparecia, ele era chamado para solucioná-lo.”
Lula é investigado pela força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba, em três frentes principais. Uma apura ilícitos na compra e reforma do Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, registrado em nome de sócios do filho e com benfeitorias realizadas por empresas do cartel acusados de corrupção na Petrobras. A segunda é a compra e a reforma do tríplex no Edifício Solaris, no Guarujá (SP). E as doações e pagamentos feitos para o Instituto Lula e a empresa LILS Palestras, usada pelo ex-presidente para sua atuação pós-Presidência.
BTG
Delcídio afirmou ainda que André Esteves é “um dos maiores mantenedores do Instituto Lula, sendo que um dos instrumentos utilizados para repasse de valores seria o velho esquema de pagamento de ‘palestras’, registra a PGR.
No termo de delação, Delcídio afirma que a atuação de Esteve se “deve a Lula ter sido um grande ‘sponsor’ dos negócios do BTG”. “Lula era um alavancador eficaz de negócios para agentes econômico junto a instâncias governamentais nacionais e estrangeiras.”
Delcídio afirmou que em relação ao sítio de Atibaia “vinculado ao ex-presidente Lula”, sabe “que seria construído da mesma forma que o Instituto Lula”.
Em nota, o Instituto Lula afirma que “não comenta falatórios”. “Quem quiser levantar suspeitas em relação ao ex-presidente Lula que faça diretamente e apresente provas, ou não merecerá resposta”.
Já o BTG Pactual esclarece “que não é, e nunca foi, mantenedor do Instituto Lula. O Banco tem como política realizar doações para entidades socioculturais sem fins lucrativos, como fundações educacionais, orquestras, museus e entidades filantrópicas”.
De acordo com o banco, “o BTG Pactual fez, em 2014, sua única doação para o Instituto Lula, mesmo valor, aliás, destinado à Fundação Instituto Fernando Henrique Cardoso no biênio 2010/2011. O valor doado a esses dois institutos representa menos de 2% cada do total de doações realizadas pelo banco desde 2010.
O banco também fez doações para a Fundação Estudar, Insper Engenharia, Parceiros da Educação, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp), Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB) no Rio de Janeiro, Museu Judaico, Conservation International Brasil, Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) e Museu de Arte de São Paulo (Masp), entre outras instituições.
O BTG Pactual contratou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por meio da empresa L.I.L.S. Palestras, Eventos e Publicações Ltda., para realizar uma palestra no ano de 2011 e duas palestras em 2013. Essas palestras foram realizadas no âmbito do evento internacional LatAmCEO Conference em Nova Iorque e Londres, nas quais ele falou para cerca de 300 investidores em cada uma delas. Os valores desembolsados pelas palestras foram compatíveis com a relevância dos eventos realizados e não se afastam da faixa de valores usualmente cobrados por ex-presidentes de outros países.
Nesses eventos, o BTG Pactual usualmente convida ex-presidentes para fazer palestras. Já participaram, entre outros, Nicolás Sarkozy (França), Cesar Gaviria (Colômbia), Alan Garcia (Peru), Álvaro Uribe (Colômbia) e Sebastián Piñera (Chile).”