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Política & Poder

Chegou a hora de dizer basta ao crime organizado, diz Tarcísio em despedida de Derrite

Tarcísio exalta queda de crimes e volta a defender endurecimento contra facções

Redação Jornal de Brasília

01/12/2025 17h46

tarcisio e derrite

Facebook/Reprodução

ANDRÉ FLEURY MORAES
FOLHAPRESS

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta segunda-feira (1º) ser hora de o Brasil “dizer ‘basta’ ao crime organizado, um basta que a gente está dando aqui no estado de São Paulo”.

A declaração foi dada na manhã desta segunda-feira (1º), durante solenidade dos 134 anos do 1º Batalhão de Choque Tobias de Aguiar, evento que marcou também a despedida de Guilherme Derrite (PP) da SSP (Secretaria da Segurança Pública), que deixa a pasta para retornar à Câmara dos Deputados.

Em seu lugar, já a partir desta terça (2), assume o delegado Osvaldo Nico Gonçalves.

A saída de Derrite foi oficializada exatamente três anos depois do dia em que ele se apresentou à Polícia Militar como secretário de Segurança Pública indicado pelo recém-eleito governador Tarcísio.

“Em 1º de dezembro de 2022 ele se dirigiu pela primeira vez à tropa com uma série de projetos em mente, querendo, de fato, fazer a diferença, construir uma sociedade mais segura. Três anos depois, nós temos muito o que celebrar”, declarou o governador.

O mandatário disse que Derrite foi responsável pela queda em indicadores como roubos, furtos e homicídios e disse que os indicadores se devem “ao trabalho profissional, de planejamento, e ao time formado na segurança” pelo secretário.

Como a Folha mostrou, ao mesmo tempo que diferentes índices criminais apresentaram melhora em São Paulo, a gestão Derrite também ficou marcada pela regressão no combate à letalidade policial e pelo avanço da atuação do PCC (Primeiro Comando da Capital).

“A gente pode celebrar mais de R$ 1 bilhão em infraestrutura, delegacias reformadas, construídas, 2.600 viaturas, 17 mil armas, 39 mil coletes e, sobretudo, a gente pode celebrar os menores indicadores criminais da nossa história”, disse.

A solenidade homenageou também 63 autoridades, entre as quais o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro (PL), e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Tarcísio elogiou a Operação Contenção, que mobilizou 2.000 policiais nos complexos do Alemão e da Penha no Rio de Janeiro para cumprir mandados contra integrantes do Comando Vermelho, e disse ao se referir ao governador carioca que a iniciativa representa “o resgate da esperança”. A operação deixou 122 mortos e é considerada a mais letal do país.

“As forças do Rio mostraram que não haverá território onde o Estado não entre. A gente não vai mais admitir aquele circo onde a partir daquele momento o criminoso é que manda”, declarou em referência às barricadas que delimitam territórios nas comunidades.

Momentos antes, o governador do Rio disse em discurso que “São Paulo tem um homem de bem, um homem honrado e uma das cabeças mais preparadas para governar nesse Brasil” e se referiu ao secretário Derrite como “um dos melhores especialistas em segurança pública do país”.

Tarcísio afirmou que a operação Contenção reverberou em todo o Brasil, inclusive no Congresso Nacional, e abriu caminho à aprovação do projeto de lei Antifacção. O titular do Palácio dos Bandeirantes disse que o texto passou na Câmara “graças à coragem do presidente da Câmara, Hugo Motta”, responsável por indicar Derrite como relator da proposta.

Derrite, por sua vez, afirmou no discurso de despedida ter feito “um trabalho histórico” à frente da SSP em São Paulo e que, “para o desespero daqueles que veem bandidos como vítimas da sociedade, identificamos, prendemos e, quando necessário, neutralizamos centenas de líderes dessas organizações criminosas”.

Ele não citou nomes nem no discurso nem depois, durante entrevista coletiva, mas afirmou que “neste final de semana uma importante liderança do PCC, o Ferrugem, foi neutralizado”.

O secretário disse também ter priorizado agentes com experiência operacional em postos de comando ao longo de sua gestão e afirmou que “juntos colocamos em prática um plano estratégico técnico e ousado de combate ao crime”.

A iniciativa, afirmou, “se baseia em três pilares: identificação, busca e captura de criminosos.”

“Acabamos com a cracolândia na cidade de São Paulo. São muitas reduções de indicadores criminais que de maneira inédita estão disponíveis em portal de transparência”, disse. Reportagem da Folha de S.Paulo de novembro, porém, mostrou que que usuários de drogas resistem na região da cracolândia e chegam ao Memorial da América Latina.

O secretário declarou ainda ter atuado para a asfixia financeira do crime organizado e elogiou nesse sentido o Ministério Público de São Paulo, cujo papel em casos do gênero afirmou ter sido fundamental.

Segundo ele, mais de R$ 70 milhões em valores oriundos do crime, recuperados de novembro do ano passado até agora, serão revertidos a fundos estaduais de segurança para beneficiar as polícias estaduais e o MP-SP.

Derrite comentou também a relatoria do projeto Antifacção e afirmou que o texto é um presente às famílias brasileiras “que não aguentam mais viver subjugada pelo crime”.

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