O presidente Jair Bolsonaro decidiu, enfim, falar a apoiadores após a derrota nas eleições 2022. Em uma das tradicionais lives nas redes sociais, Bolsonaro se emocionou, lamentou estar sofrendo ataques de parte dos próprios bolsonaristas e tentou tranquilizar a parcela da nação que vem protestando pelo Brasil.
Bolsonaro dividiu a live em duas partes: elencou feitos da sua gestão na primeira e deixou a segunda para transmitir mensagens aos apoiadores. Com um discurso brando, o presidente evitou duvidar do resultado das urnas, mas não deslegitimou as manifestações que protestam contra a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva para presidente da República.
“O que houve no Brasil foi uma manifestação do povo. Não tinha liderança, não tinha ninguém coordenando. Apenas protesto pacífico, ordeiro, dentro da lei”, declarou Bolsonaro. Ainda sobre os protestos nos QGs espalhados pelo país, disse: “Acredito que fiz a coisa certa de não falar sobre o assunto pra não causar tumulto”. Depois, completou: “Não é porque um elemento que passou por lá fez besteira que todo mundo tem que ser acusado disso.”
O chefe do Executivo não explicou quem seria o elemento que ‘fez besteira’. Bolsonaro não mencionou a tentativa de ato terrorista do último dia 24, quando o paraense George Washington Sousa, 54 anos, plantou bombas em um caminhão de combustível próximo ao Aeroporto de Brasília na tentativa de, nas palavras dele, causar desordem e implantar Estado de Sítio no país.
O presidente também se preocupou em reconhecer o esforço dos manifestantes favoráveis a ele, como aqueles que acamparam no QG do Exército em Brasília por cerca de dois meses, mas, desta vez, sem incitar atos de violência ou contra a democracia. “Mais que um direito, é dever nosso reagir [à derrota]. Qualquer manifestação é bem-vinda. Nós não queremos o confronto, é a pior maneira de tentar resolver o assunto. Creio no patriotismo, na garra e na inteligência de vocês. Sei o que vocês passram nos últimos dois meses. Sol, chuva… isso não vai ficar perdido. Imagens foram para fora do Brasil. Aqui dentro, despertou-se a vontade na cabeça de milhões de pessoas de estudar. Esse pessoal passou a entender melhor ainda a política brasileira.”
Já na parte final da transmissão, Bolsonaro não escondeu a emoção. Reconheceu que há apoiadores desapontados e lamentou, mas se defendeu. “Se você tá chateado, tá constrangido, se coloque no meu lugar. Quantas vezes eu me pergunto onde errei, o que eu deveria ter feito de melhor. Eu tenho convicção que dei o melhor de mim, com o sacrifício de quem estava ao meu lado, em especial minha esposa. E vocês também sofreram. Alguns devem estar me criticando. Vocês podem até ter razão, mas eu não posso fazer algo que não seja bem feito e que os efeitos colaterais sejam danosos demais. Hoje em dia, tudo que um país faz, tem reflexo no mundo todo.”
Por fim, Bolsonaro tentou tranquilizar os apoiadores: “O Brasil não vai acabar dia 1º, pode ter certeza disso”, declarou. “O bem vai vencer. Temos lideranças por todo o Brasil, jovens que nem entraram na política mas são lideres, com 14, 15 anos de idade. Essas pessoas vão fazer a diferença.”
