THAÍSA OLIVEIRA E CAROLINA LINHARES
FOLHAPRESS
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou, nesta sexta-feira (5), que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), lhe escolheu como candidato do seu grupo político à Presidência da República em 2026.
“É com grande responsabilidade que confirmo a decisão da maior liderança política e moral do Brasil, Jair Messias Bolsonaro, de me conferir a missão de dar continuidade ao nosso projeto de nação”, escreveu o senador nas redes sociais.
Flávio já afirmou a aliados e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que foi escolhido pelo ex-presidente. O senador viajou para São Paulo nesta quinta-feira (4) para informar a decisão de Bolsonaro ao governador, segundo o relato de quatro pessoas.
A escolha de Flávio foi revelada pelo portal Metrópoles e confirmada pela Folha. Flávio visitou o pai na prisão na terça-feira (2), na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. Os dois conversaram por cerca de meia hora.
Pelo X, Flávio afirmou que não vai “ficar de braços cruzados”. “Eu me coloco diante de Deus e diante do Brasil para cumprir essa missão”, escreveu.
O senador também fez críticas ao governo Lula (PT), mas sem mencionar o presidente, que deve concorrer à reeleição em 2026.
“O nosso país vive dias difíceis, em que muitos se sentem abandonados, aposentados são roubados pelo próprio governo, narco-terroristas dominam cidades e exploram trabalhadores, estatais voltaram a ser saqueadas, novos impostos não param de ser criados ou aumentados, nossas crianças não têm expectativas de futuro. Ninguém aguenta mais!”, afirmou.
O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou à reportagem que Bolsonaro de fato comunicou ao filho que o senador deveria concorrer ao Palácio do Planalto.
Na saída da PF, na terça, o senador disse que pediu desculpas para a madrasta, Michelle Bolsonaro (PL), pela briga envolvendo o palanque do PL no Ceará e explicou ao pai a situação. O senador também atribuiu o episódio a um “ruído de comunicação” e disse que Michelle estava no núcleo duro do PL.
A escolha de Flávio mantém o sobrenome Bolsonaro em evidência -atenuando o receio do ex-presidente de ser esquecido pelo centrão enquanto cumpre pena em regime fechado por tentativa de golpe de Estado.
Em entrevista à Folha de S.Paulo em junho, o senador afirmou que, para receber o apoio de Bolsonaro nas eleições de 2026, o candidato à Presidência deve não só conceder indulto ao pai dele, mas brigar com o Supremo por isso, se for preciso.
“Estou fazendo uma análise de cenário. Bolsonaro apoia alguém, esse candidato se elege, dá um indulto ou faz a composição com o Congresso para aprovar a anistia, em três meses isso está concretizado, aí vem o Supremo e fala: é inconstitucional, volta todo mundo para a cadeia. Isso não dá”, declarou.
O anúncio também mantém a extrema-direita e a direita sob o comando da família Bolsonaro, em um momento em que parte dos governadores busca protagonismo junto a esse eleitorado.