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Política & Poder

Bolsonaro diz que porteiro é quem menos tem culpa por citação no caso Marielle

Marielle e o motorista Anderson Gomes foram mortos no dia 14 de março de 2018

Lindauro Gomes

31/10/2019 0h23

Grab taken from a handout video released by Brazilian President Jair Bolsonaro which he broadcast live early on October 30, 2019 in his YouTube account during his official visit to Saudi Arabia, in which he denied links to last year’s assassination of a prominent Brazilian politician, after reports that a suspect in the murder investigation visited his residence before the killing. – On October 29, 2019 TV network Globo reported that the first suspect visited the condominium building where Bolsonaro lived, telling the doorman he intended to visit the then-presidential candidate. Marielle Franco, a popular leftist city councillor in Rio de Janeiro, was gunned down alongside her driver in March 2018 — a drive-by shooting that investigators described as a “summary execution.” (Photo by HO / BRAZILIAN PRESIDENT JAIR BOLSONARO’S YOUTUBE ACCOUNT / AFP) / RESTRICTED TO EDITORIAL USE – MANDATORY CREDIT “AFP PHOTO / BRAZILIAN PRESIDENT JAIR BOLSONARO’S YOUTUBE ACCOUNT / HO” – NO MARKETING – NO ADVERTISING CAMPAIGNS – DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou em postagem nas redes sociais nesta quarta-feira (30) que o porteiro do condomínio onde tem casa no Rio de Janeiro é “aquele que tem menos culpa nesse crime” -a citação de seu nome no caso Marielle Franco (PSOL).

Reportagem do Jornal Nacional de terça-feira (29) apontou que um porteiro (cujo nome não foi revelado) disse à Polícia Civil que, no dia do assassinato da vereadora, Élcio Queiroz, ex-policial militar suspeito de envolvimento no crime, afirmou na portaria do condomínio que iria à casa de Bolsonaro, na época deputado federal.

A versão foi refutada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro, que afirmou que a versão apresentada no depoimento não corresponde aos fatos apurados durante a investigação.

No post, Bolsonaro publicou uma foto de um despacho da Advocacia-Geral da União pedindo à Procuradoria-Geral da República que apure a divulgação de informações no inquérito sobre a morte de Marielle.

No documento, o ministro André Mendonça destacou que houve vazamento em investigação sob segredo de Justiça, “com possível envolvimento de agentes públicos neste ilícito”, o que caracterizaria improbidade administrativa.

O ofício fala ainda em ofensa à Lei de Segurança Nacional, que pune com reclusão de um a quatro anos os crimes de calúnia e difamação da figura do presidente da República. O documento é endereçado ao ministro da Justiça, Sergio Moro, para sua ciência.

Na postagem, Bolsonaro disse que o porteiro é quem menos tem culpa “nesse novo crime”, em referência ao vazamento e a uma possível infração à Lei de Segurança Nacional. Ele também afirmou que “muitas autoridades tiveram acesso a um processo que corria em segredo de Justiça“.

“Com áudios da portaria nas mãos, os responsáveis pela investigação não poderiam citar o então deputado Jair Bolsonaro como possível mandante do crime”.

No dia do assassinato de Marielle, Bolsonaro estava em Brasília, segundo a lista de presença da Câmara dos Deputados.

Na postagem, Bolsonaro afirmou que “querer responsabilizar o porteiro” como único culpado em uma nova investigação em curso, sobre a informação falsa, “não é justo”.

“Por ser uma pessoa humilde pode ter sido induzido a assinar o depoimento”, escreveu. “Muitas autoridades tiveram acesso a um processo que corria em segredo de Justiça.”

No dia da veiculação da reportagem no Jornal Nacional, o presidente acusou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), de ter vazado a informação à TV Globo. Witzel nega e diz que não teve acesso ao inquérito.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, classificou a divulgação do episódio como um “factoide” e afirmou que a menção ao nome do presidente na investigação do caso Marielle já havia sido arquivada pela PGR e pelo Supremo Tribunal Federal.

Nesta quarta, a promotora Simone Sibilio, do Rio, afirmou que a investigação teve acesso a documentos e gravações e que restou comprovado que a informação dada pelo porteiro não procede.

Segundo a Promotoria, há registro de interfone para a casa 65 (enquanto a casa de Bolsonaro é a de número 58), e a entrada de Élcio foi autorizada pelo morador do imóvel, Ronnie Lessa -que está preso sob suspeita de envolvimento na morte de Marielle.

O vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, publicou vídeo nesta quarta, segundo ele gravado na administração do condomínio, apontando que a solicitação de entrada de Élcio havia sido para a casa de Ronnie Lessa, e não para a de Bolsonaro.

Ele reproduziu a ligação registrada às 17h13. O porteiro anuncia a chegada do “senhor Élcio”. A voz do outro lado, diferente da de Jair Bolsonaro, responde: “Tá, pode liberar aí”.

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