Centenas de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fizeram na manhã deste domingo, em Brasília, um protesto contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e o presidente Lula, e a favor do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O ato, que percorreu parte do Eixão da Asa Sul, foi organizado por políticos de direta, como a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e avice-governadora Celina Leão.
Na última sexta-feira, uma semana após o tarifaço de Trump contra o Brasil e de uma série de declarações da família Bolsonaro e do próprio americano explorando a medida para fazer pressão contra a ação penal da suposta trama golpista em que Bolsonaro é réu, o ex-presidente foi alvo de operação da Polícia Federal e terá que usar tornozeleira eletrônica.
As novas restrições impostas contra Bolsonaro por Moraes, a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR), incluem ainda proibição de acessar redes sociais e de falar com seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos EUA e cuja atuação também é investigada. O ex-presidente não poderá sair de casa à noite e nos fins de semana, tampouco poderá se comunicar com outros investigados, com representantes de embaixadas estrangeiras, ou de contatar outros advogados.
Durante o ato em Brasília, que reuniu cerca de 400 participantes, a deputada federal Bia Kicis discursou: “Ou a gente consegue mudar o que está acontecendo, ou o nosso caminho é virar a Venezuela. Nós não queremos virar a Venezuela, não queremos sair do nosso país, queremos mudar o país, construir uma nação forte, com base sólida, baseada na família e na honestidade”, afirmou a deputada, que fez uma defesa ferrenha de Bolsonaro.
“O grande crime do nosso presidente Bolsonaro foi enfrentar o sistema, esse foi o crime dele. Mas ele não está só, todos nós somos soldados desse exército. Nós somos patriotas. Eu já estou vendo uma narrativa se formando de que Bolsonaro, sua família e seus apoiadores são traidores do Brasil. Nós sabemos que teremos que enfrentar essa narrativa, mas nós não somos traidores. Nós amamos a nossa pátria e queremos varrer da política aquelas pessoas que querem esmagar o povo brasileiro”, disse Kicis.
A senadora Damares Alves também reforçou o discurso. “Nós estamos vivos! O Brasil é nosso! Não à ditadura! Esse aqui é o primeiro de muitos eventos que vão acontecer! Usem a camisa de vocês sempre arrumadinha, bandeira na janela, bandeira na porta! Nós voltamos para a rua!”, anunciou. A vice-governadora Celina Leão também falou aos presentes: “O Brasil nunca será um comunismo. Nunca será realmente um país onde a democracia não exista”, ressaltou.
Aos gritos de “presidente Trump, contamos com você”, “a culpa é do Lula”, “anistia já”, “fora Moraes” e “Moraes ditador”, entre outros, os manifestantes encerraram o ato no final da manhã no Eixão Sul, após discurso dos políticos. Além de roupas e bandeiras do Brasil, havia bandeiras dos Estados Unidos, de Israel e do Brasil Império.
Antes de encerrar o ato, porém, os manifestantes também comemoraram o informe de revogação do visto norte-americano de ministros do STF. O governo Trump anunciou na sexta a proibição da entrada nos Estados Unidos de Moraes, de parentes e de “seus aliados” na Corte. A punição ocorreu após o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro ter feito um périplo por Washington em busca de punições ao ministro do STF nos últimos meses.
O anúncio foi feito pelo secretário de Estado, Marco Rubio, em rede social. “Ordenei a revogação de visto para Moraes e seus aliados na Corte, assim como para familiares diretos, imediatamente”, disse. O anúncio rendeu protesto formal do governo brasileiro. A ordem do governo americano foi anunciada no mesmo dia em que Bolsonaro foi alvo da ação da PF justamente sob a acusação de atentar contra a soberania do Brasil ao articular medidas no exterior