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Política & Poder

Alerj deverá decidir nos próximos dias se mantém ou derruba prisão de Bacellar

Alerj deve decidir nos próximos dias se mantém prisão de Rodrigo Bacellar após operação da PF

Redação Jornal de Brasília

04/12/2025 14h16

rodrigo bacellar

Foto: Divulgação/Alerj

BRUNA FANTTI
FOLHAPRESS

A Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro) deverá decidir nos próximos dias se mantém ou se derruba a prisão do presidente da Casa, Rodrigo Bacellar (União Brasil).

De acordo com a Polícia Federal, a Casa já foi comunicada formalmente sobre a prisão, mas ainda não recebeu a notificação. O prazo para termina nesta quinta-feira (4), dentro das 24 horas previstas após a detenção do parlamentar.

Por ora, a assembleia está sendo presidida interinamente pelo vice, o deputado Guilherme Delaroli (PL).

Bacellar foi preso nesta terça-feira (3), após investigações apontarem que ele teria vazado a operação que prendeu o ex-deputado TH Joias -detido desde setembro sob suspeita de atuar para o CV (Comando Vermelho).

Entenda em 8 pontos o caso TH Joias, prisão do presidente da Alerj e ligação com CV A defesa de Bacellar nega. “A defesa ainda não teve acesso à íntegra da decisão que decretou a prisão dele, mas pelo o que nós já pudemos estudar, a prisão se apresenta totalmente desproporcional, já que o Rodrigo não praticou nenhuma conduta ativa para tentar burlar a Justiça ou o processo, muito menos para auxiliar em eventual perdimento de provas ou distribuição de provas”, afirmou o advogado Bruno Borragine. Ainda segundo o defensor, foi TH quem procurou Bacellar, não o contrário.

O deputado dormiu bem na sede da PF, na praça Mauá, na zona portuária, segundo a sua defesa, que levou itens pessoais para o deputado. “Ele está sereno, aguardando os próximos acontecimentos, deliberações, a defesa vai trabalhar para ter acesso a tudo”, disse Borragine.

A PF registrou ter encontrado R$ 90.840 no carro do deputado, além de três celulares. Ele foi convidado pelo superintendente Fábio Galvão, na manhã de quarta, para comparecer à sede das investigações e, ao chegar, recebeu voz de prisão. A estratégia foi adotada para evitar a exposição e o caráter espetaculoso da captura. A polícia apura a origem do dinheiro.

ANÁLISE DA PRISÃO

A Alerj segue o entendimento do STF (Supremo Tribunal Federal) que equiparou deputados estaduais a federais no que diz respeito às imunidades parlamentares. A Corte definiu que assembleias legislativas têm poder para rever prisões de seus membros.

Assim que a notificação chegar à Casa, cabe à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) analisar se mantém ou se relaxa a prisão. Sete deputados participam do colegiado, presidido pelo deputado Rodrigo Amorim (União).

Em seguida, o parecer da CCJ será submetido ao plenário, para o voto de 69 deputados, sendo necessários 36 votos (a metade mais um) para a decisão.

O artigo 27 da Constituição Federal prevê que as regras de inviolabilidade e imunidade aplicáveis aos deputados federais também se estendem aos estaduais. Assim, parlamentares não podem ser presos a partir da expedição do diploma, salvo em flagrante de crime inafiançável.

No caso de Bacellar, a prisão foi fundamentada em decreto de prisão preventiva, o que, por seus próprios requisitos, afasta a possibilidade de fiança. Ele é investigado sob suspeita de delitos como organização criminosa armada e obstrução de investigação envolvendo organização criminosa.

O STF entende que a participação em organização criminosa é crime de natureza permanente, o que, na prática, configura situação de flagrante e permite a custódia cautelar de parlamentares.

Assim, a prisão de Bacellar foi autorizada dentro da exceção constitucional às imunidades parlamentares, com determinação adicional do ministro Alexandre de Moraes de perda imediata da presidência da assembleia. No entanto, a manutenção da prisão será decidida pela Casa.

OUTROS PRESIDENTES DA ALERJ PRESOS


A Alerj já aplicou a regra em outras ocasiões. Em 2017, decidiu pela soltura de Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi. Dois anos depois, votou pela liberdade de cinco deputados presos na Operação Furna da Onça.

O caso mais recente de presidente da Alerj preso é o de Jorge Picciani (MDB), detido em 2017 no âmbito da Operação Cadeia Velha, sob acusação de favorecer empresas de ônibus em troca de propina. Condenado a 21 anos pelo TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) em 2019, Picciani morreu dois anos depois.

Outros ex-presidentes também enfrentaram ações penais. Paulo Melo, que chefiou o Legislativo fluminense de 2011 a 2015, foi preso pela mesma operação.

Sérgio Cabral (MDB), que presidiu a Alerj de 1997 a 2001, foi detido em 2016 na Lava Jato, acusado de comandar um esquema de corrupção e fraudes em contratos públicos. Ele responde em liberdade e teve parte das condenações anulada.

José Nader (PTB), presidente da Casa no início dos anos 1990, também foi alvo de investigações e chegou a ser preso em 2005 sob acusação de pesca predatória e porte ilegal de armas. Ele voltou a ser investigado na Operação Passárgada, sob acusação de corrupção passiva, peculato, formação de quadrilha e advocacia administrativa. Ele morreu em 2015.

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