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Política & Poder

Abraço foi gesto de gentileza, diz Cury ao Conselho de Ética da Assembleia de SP; Isa vê prova indiscutível

Em dezembro, Cury foi flagrado pelas câmeras da Casa apalpando a deputada em plenário

Redação Jornal de Brasília

24/02/2021 14h49

Imagem: Reprodução/Web

São Paulo, SP

O deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) afirmou ao Conselho de Ética da Assembleia de São Paulo, nesta quarta (24), que abraçou a deputada Isa Penna (PSOL) como um gesto de gentileza e que não tocou em seu seio. A deputada, por sua vez, afirmou que a prova de assédio é indiscutível.


Em dezembro, Cury foi flagrado pelas câmeras da Casa apalpando a deputada em plenário. Isa o acusa de quebra de decoro parlamentar por tê-la importunado sexualmente. A denúncia foi acolhida pelo Conselho de Ética no último dia 10. O caso é investigado também pelo Ministério Público de São Paulo.


A sessão desta quarta foi dedicada a ouvir Cury e suas testemunhas de defesa. Na próxima quarta, o relator do caso, Emidio de Souza (PT), planejava entregar seu parecer. Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, a hipótese de punição considerada por ele no momento é um afastamento de 120 dias ou mais.


No entanto, Isa solicitou que mais deputados sejam ouvidos e que ela própria também preste depoimento. Com isso, os membros do conselho irão decidir os próximos passos.


Nesta quarta, os deputados do conselho, por meio de perguntas às testemunhas, se concentraram em questões que consideram centrais no caso -se Isa e Cury são amigos ou próximos, se houve reação ao assédio ou não e qual foi o teor da conversa entre Cury e Alex de Madureira (PSD) antes do toque.


A deputada Erica Malunguinho (PSOL), próxima a Isa e membro do conselho, fez questão de ressaltar, por meio das perguntas aos envolvidos, que, embora Isa e Cury sejam deputados e colegas de trabalho, não há relação de amizade e proximidade -o que faz com que seu toque não fosse consentido ou esperado pela deputada.


Em seu depoimento, Cury afirmou não ser íntimo de Isa, apenas colega, e que conversaram e se cumprimentaram até hoje somente em plenário.
O deputado também foi questionado sobre a reação de Isa e afirmou que a deputada reagiu ao sentir sua chegada pelo lado esquerdo.


Houve ainda o momento em que o deputado Barros Munhoz (PSB), membro do conselho, questionou o teor da conversa entre Alex e Cury.

Pouco antes de se aproximar de Isa, Cury fala com Alex, que tenta segurá-lo.

Segundo Cury, a conversa com Alex não foi sobre Isa, mas sobre a sessão em andamento, que, segundo ele, se alongava. Por isso, afirmou Cury, ele decidiu ir ao presidente da Casa, Cauê Macris (PSDB), que conversava com Isa, para pedir que a votação não se delongasse e para questionar sobre votações de projetos de deputados.


Ainda na versão de Cury, Alex tentou segurá-lo no sentido de que não valia a pena conversar com Macris porque a sessão já se encaminhava para o fim. Cury disse que se aproximou de Isa com um abraço como um gesto de gentileza para compensar o fato de que iria interromper sua conversa com Macris.


“Tenho minha consciência tranquila, não cometi crime nenhum. […] Nunca tive em minha vida qualquer tipo de acusação semelhante. O abraço foi um gesto que quis fazer de gentileza, porque eu ia interromper a conversa dela com Cauê Macris. Um gesto no meu entendimento completamente sem maldade, sem segundas intenções”, afirmou o deputado.


Cury negou ter ingerido álcool naquela noite, embora Isa tenha dito que ele cheirava álcool. Outros deputados ouvidos pela reportagem afirmaram que ele estava bêbado.


A suposta falta de reação de Isa foi apontada em laudo de perícia e na peça de defesa apresentados ao conselho pelo advogado de Cury, Roberto Delmanto Jr. Munhoz também levantou o fato de que o assédio foi exposto pela deputada somente no dia seguinte e não na mesma noite.


“Se não houve uma reação é porque os senhores que estavam lá não reagiram”, contestou Isa, afirmando que ela reagiu no momento e que outros deputados a procuraram na mesma noite para se solidarizar.


Na sessão desta quarta, o Conselho de Ética também ouviu as testemunhas indicadas pela defesa de Cury -oito mulheres que já conviveram com o deputado e o conhecem há anos, mas que não presenciaram o assédio em plenário.

Para elas, não houve malícia ou ma-fé no toque de Cury.


Prestou depoimento ainda, a pedido da defesa, o perito Edmundo Braun, que analisou o vídeo e concluiu que não é possível afirmar que houve toque de Cury em Isa -tese contestada pela deputada.


Em sua fala, o perito retomou seu laudo para afirmar que há uma sobreposição de imagem da mão de Cury e do corpo de Isa, mas não necessariamente o toque. Braun, no entanto, não exclui a possibilidade de que o toque existiu.

As informações são da Folhapress

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