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Pancadaria entre “torcedores” do Gama e Brasiliense ofusca clássico no Mané

Durante a partida, integrantes de organizadas de Brasiliense e Gama se enfrentaram nas arquibancadas. Adeptos comuns relatam tensão e medo da confusão entre torcedores e policiais

Redação Jornal de Brasília

27/01/2022 16h54

O policiamento, juntamente com a equipe alviverde, defendiam o fim da partida devido à falta de segurança. Foto: Reprodução

Gabriel de Sousa
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O clássico entre Gama e Brasiliense, válido pela segunda rodada do Campeonato Brasiliense, e que foi realizado nesta quarta-feira (26) na Arena BRB Mané Garrincha, foi marcado por cenas lamentáveis. Brigas entre torcedores das duas equipes se tornaram presentes ao longo da partida, ocasionando intervenções por parte da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) e paralisação do jogo pelos árbitros. No final do segundo tempo, adeptos chegaram a ocupar o gramado do estádio, na tentativa de escapar da confusão.

Os primeiros atos violentos aconteceram durante o intervalo da partida, quando alguns torcedores das duas equipes começaram uma pancadaria na arquibancada. A Polícia Militar resolveu intervir com bombas de efeito moral e gás de pimenta. O clássico teve o intervalo prorrogado, e só retornou quando a segurança estava atestada.

Quando o cronômetro marcava 35 minutos do segundo tempo, com o placar de 2 x 1 para a equipe do Gama, uma confusão maior aconteceu, quando as torcidas organizadas da IRA Jovem (Gama) e Facção Brasiliense (Brasiliense), começaram a distribuir socos e pontapés ao longo das cadeiras. Torcedores que foram para o Arena BRB Mané Garrincha com a única intenção de assistir ao clássico candango, chegaram a ocupar o gramado para tentar se proteger.

De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o Batalhão de Choque precisou agir rapidamente para que a situação não evoluísse, com a intenção de garantir a integridade física dos torcedores. As duas torcidas foram retiradas do estádio e escoltadas separadamente. A torcida do Brasiliense foi escoltada até a Ceilândia, e a do Gama foi acompanhada até a Estação Rodoviária de Brasília. De acordo com a corporação, não houve detidos.

O policiamento, juntamente com a equipe alviverde, defendiam o fim da partida devido à falta de segurança. Porém, após uma hora de paralisação e a evacuação completa dos torcedores no estádio, o jogo prosseguiu. O Gama fez mais um gol, e no final, o Brasiliense diminuiu, com o jogo terminando 3 x 2 para os gamenses. Mas, apesar da vitória, o saldo terminou negativo para o futebol do Distrito Federal.

Gama lamenta o ocorrido

Através de uma nota oficial divulgada pelas redes sociais, a Sociedade Esportiva do Gama disse repudiar os atos de violência durante o Clássico Candango. “Lamentamos profundamente o confronto generalizado que resultou na paralisação temporária do jogo”, disse a equipe em nota.

De acordo com Rodrigo Lopes, diretor de futebol do Gama, o policiamento deveria ter sido reforçado durante a realização da partida. “Deveria ter uma segurança mais ostensiva. Um número de segurança maior, porque a gente sabe que infelizmente não era para acontecer, mas está muito sujeito a acontecer” afirma o ex-jogador, que é mais conhecido como Rodriguinho.

Rodriguinho diz que a proximidade entre as torcidas rivais e a fragilidade da segurança pode gerar a confusão entre os torcedores. Rodrigo reforça que o estádio de futebol não deveria ser palco para atos violentos, e sim para a população poder aproveitar os eventos esportivos “Nós temos que pensar no espetáculo. A gente tem que entender que podemos ganhar, perder ou empatar, mas temos que respeitar uns aos outros sempre”, conclui o dirigente.

Procurada pela equipe de reportagem do Jornal de Brasília, a diretoria do Brasiliense Futebol Clube não se pronunciou acerca da briga entre torcedores no clássico até o momento de fechamento desta edição. A Federação de Futebol do Distrito Federal (FFDF), organizadora do Campeonato Brasiliense, também não se manifestou para a nossa redação.

Estádio repudia confusão

Após o final da partida, a gestora da Arena BRB Mané Garrincha publicou uma nota oficial se posicionando sobre o acontecido. “A Arena BSB lamenta profundamente o comportamento de uma minoria que ocasionou cenas deploráveis de violência no Estádio Nacional, durante o jogo entre Gama e Brasiliense”, disse a administração do estádio.

Os gestores informaram também que investirá na implementação de uma forma de reconhecer torcedores vândalos, e evitar que eles continuem indo ao estádio: “A Arena BSB informa que vai acelerar a implantação do sistema de reconhecimento facial para, em convênio com as autoridades da Segurança Pública, coibir a violência no estádio e banir os responsáveis”.

Por conta da pandemia, a Arena BRB Mané Garrincha terá jogos sem público por tempo indeterminado. Um decreto publicado no Diário Oficial do Distrito Federal (DODF), proibiu a presença de torcedores nos estádios da capital federal. De acordo com o governador Ibaneis Rocha (MDB), a medida não tem relação com o acontecido no clássico candango, se limitando apenas às medidas de controle ao avanço do coronavírus.

Com a proibição, a partida válida pelo Campeonato Carioca entre Fluminense e Flamengo, que seria realizada no Mané Garrincha no dia 6 de fevereiro, foi cancelada a pedido de investidores. Informações iniciais indicam que os organizadores pretendem transferir o jogo para a cidade de Cariacica, no estado do Espírito Santo.

Torcedores relatam medo e tensão no estádio

O que deveria ser uma noite de entretenimento no clássico candango se tornou uma experiência de tensão por parte dos torcedores dos dois lados. De acordo com o estudante Victor Carvalho, 25, adepto do Gama, uma parcela de adeptos do Brasiliense iniciou a confusão. “Eles foram direto para a torcida comum do Gama, foram para cima das grades e a polícia interveio rapidamente. O que deve ter acontecido é que provavelmente a IRA Jovem ficou sabendo disso, e de certa forma eles sentem o dever moral de defender os comuns. Esse foi o estopim para que eles achassem uma brecha e fossem pra cima ‘dos caras’ [torcedores do Brasiliense] no segundo tempo”, explica o alviverde.

Já o torcedor do Brasiliense, Matheus Soares, de 22 anos, explica que cerca de dez integrantes da IRA Jovem tentaram invadir a arquibancada da torcida do Jacaré. Segundo ele, os gamenses foram rapidamente expulsos pela atuação do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal.

Matheus diz também que a polícia já tinha conhecimento de uma provável briga entre as organizadas, mas que não colocaram um efetivo policial entre as torcidas, o que facilitou o início dos atos violentos. “O que mais assustou as pessoas não foi a briga, que sequer foi generalizada, mas sim a repressão barulhenta que rolou. Nada disso teria rolado se a segurança do estádio tivesse sido feita direito”, explica.

Monique Silva, torcedora do Gama de 30 anos, diz que foi com o namorado acompanhar o clássico, mesmo temendo um enfrentamento entre as torcidas organizadas. Assim que a briga começou, ela conseguiu evadir do estádio com segurança. “A gente ficou sabendo pelos amigos que isso poderia acontecer, mas já fomos muitas vezes e não teve nenhuma briga. A segurança lá estava muito fraca, o que incentivou quem estava querendo briga”, afirma a torcedora.

O estudante Fernando Viana, adepto do Brasiliense de 20 anos, relatou que já foi anteriormente a quatro clássicos no Arena BSB Mané Garrincha, todos eles sem haver brigas por parte das torcidas. Fernando relata que após o confronto entre as organizadas, foi até o gramado para tentar se proteger. “Rolou aquela confusão, com uma parte tentando sair enquanto eles brigavam. Até que a gente conseguiu entrar no campo para não se machucar. Foram momentos tensos e perigosos”, conta o torcedor.

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