Menu
Opinião

Um salto inovador para a energia limpa com o hidrogênio: uma oportunidade para o Brasil

Os materiais, totalmente orgânicos, dispensam metais raros, são recicláveis e reutilizáveis, alinhando-se à química verde

Redação Jornal de Brasília

21/06/2025 10h33

Foto: Divulgação

Por Renata Bueno*

O hidrogênio desponta como uma das soluções mais promissoras na transição energética global. Trata-se de uma fonte limpa de energia, que gera apenas água ao ser utilizada, e com potencial para substituir combustíveis fósseis em diversos setores industriais e produtivos.

Recentemente, uma pesquisa da Universidade de Pádua, na Itália, trouxe avanços significativos nessa área. Liderada pelo professor Luka Đorđević, com destaque para a doutoranda Marianna Barbieri, desenvolveu uma molécula orgânica inovadora. Publicada na Advanced Functional Materials, a pesquisa apresenta uma molécula que se adapta “inteligentemente” às condições ambientais, formando nanoestruturas que alternam entre a produção de hidrogênio e peróxido de hidrogênio, dependendo de sua organização.

“Essa molécula é um marco na química sustentável”, explica Marianna Barbieri. “Nanoestruturas fibrosas produzem hidrogênio a partir da água sob luz solar, enquanto nanoestruturas particuladas geram peróxido de hidrogênio a partir do ar. Usamos a química supramolecular para controlar a automontagem das moléculas, modulando a atividade fotocatalítica com precisão.”

Os materiais, totalmente orgânicos, dispensam metais raros, são recicláveis e reutilizáveis, alinhando-se à química verde. Essa abordagem reduz custos e impactos ambientais, oferecendo uma solução viável para energia e insumos químicos.

Para o Brasil, esse projeto seria especialmente estratégico. Com abundância de luz solar e vastos recursos hídricos, o país tem condições ideais para adotar tecnologias fotocatalíticas. Além disso, sendo um dos países com maior extensão de Mata Atlântica do mundo, o Brasil possui um ecossistema rico em biodiversidade que pode se beneficiar diretamente de tecnologias sustentáveis como essa.

A preservação da Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados, depende de soluções que reduzam a dependência de combustíveis fósseis e promovam uma economia de baixo carbono. Investir em hidrogênio verde pode posicionar o Brasil como líder global nesse setor, gerando empregos, atraindo investimentos e fortalecendo indústrias como a química e a agrícola, que utilizam peróxido de hidrogênio. Alinhado aos compromissos de redução de emissões, esse projeto reforça o papel do Brasil na luta contra as mudanças climáticas, protegendo seus ecossistemas únicos.

Essa descoberta destaca o poder da pesquisa interdisciplinar, unindo química, nanotecnologia e sustentabilidade. A inovação da Universidade de Pádua abre caminhos para tecnologias transformadoras, e o Brasil, com sua riqueza natural e potencial renovável, seria uma bela oportunidade de adaptar essas soluções para liderar um futuro mais limpo e sustentável, com impactos profundos na sociedade, no meio ambiente e na preservação de tesouros como a Mata Atlântica.

Renata Bueno é uma parlamentar ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, DF, Brasil. Conhecida por seu envolvimento na política e na defesa dos direitos dos descendentes de italianos no Brasil. Renata Bueno foi eleita deputada federal em 2010, sendo a primeira mulher eleita pelo Partido Socialista Italiano (PSI) fora da Itália. Sua atuação política tem sido focada em temas relacionados à cidadania italiana, imigração, e fortalecimento dos laços entre Brasil e Itália. Ela é presidente da Associação pela Cidadania Italiana no Brasil e tem trabalhado para facilitar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de italianos no país. Além de parlamentar, Renata é advogada e empresária, com o Instituto Cidadania Italiana e Mozzarellart.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado