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Opinião

Os benefícios do Cooperativismo de Crédito para a economia brasileira

O papel estratégico das cooperativas tem sido reconhecido pelo próprio Banco Central, que estabeleceu, por meio do Programa “Desafios 2022”, uma série de metas ousadas para o segmento

Redação Jornal de Brasília

30/06/2021 13h21

Presidente da Sicredi Planalto Central, Pedro Caldas. Foto: divulgação

Por Pedro Caldas

O papel estratégico das cooperativas tem sido reconhecido pelo próprio Banco Central, que estabeleceu, por meio do Programa “Desafios 2022”, uma série de metas ousadas para o segmento: como, por exemplo, elevar de 8% para 20% a participação das cooperativas no crédito concedido no Sistema Financeiro Nacional (SFN); elevar de 24% para 40% o crédito tomado pelos cooperados no âmbito próprio do Sistema Nacional de Cooperativismo de Crédito (SNCC); e aumentar a presença de cooperados entre os segmentos de baixa renda e a sua cobertura nas regiões Norte e Nordeste.

Ressalto também outra importante iniciativa do Banco Central que, em 2014, definiu como um dos temas prioritários a elaboração de proposta de regulamentação de um fundo garantidor para as Cooperativas de Crédito, com a criação do Fundo Garantidor do Cooperativismo Financeiro (FGCoop), no contexto de crescimento e estabilidade do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo (SNCC). O Fundo presta assistência financeira às Cooperativas e permite que elas tenham as mesmas garantias que as instituições financeiras tradicionais.


Este chamamento do Banco Central não ocorre por acaso. Levantamento recente realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), em dezembro de 2019, revela que a presença de cooperativas de crédito geram efeitos diretos no desenvolvimento dos municípios onde estão inseridas, com aumento de 5,6% do PIB per capita; aumento de 6,2% na proporção do emprego formal na população economicamente ativa; aumento de 1,0% no salário médio formal (remuneração); aumento de 15,7% no número de empreendimentos por 1.000 habitantes (empreendedorismo); aumento de 19,6% no valor das exportações por habitante; redução de 9,5% no valor das importações por habitante no municípios com cooperativas; e aumento de 45,1% no saldo comercial por habitante.


Desde sua origem, ainda no século XIX, com o sucesso na importação e implantação de modelos associativos em diferentes comunidades e finalidades, o cooperativismo de crédito expandiu sua presença e suas operações nas principais economias e no Brasil, onde essas instituições constituíram um sistema próprio e foram progressivamente regulamentadas e integradas ao SFN – sem que, para isso, abandonassem seus princípios e valores singulares. Mais recentemente, esse processo tem sido marcado pela consolidação institucional do SNCC, por meio da implantação de boas práticas de governança e gerenciamento de risco pelas cooperativas, pelo crescimento do número de instituições e da rede de atendimento nos municípios, bem como pela diversificação dos ramos de atuação (em termos de produtos e serviços ofertados).


Em paralelo, os dados coletados a partir de fontes públicas evidenciam o crescimento em número e participação de clientes/cooperados, operações, saldo e carteira de crédito. A consolidação dessa trajetória de crescimento, aliada à solidez e a saúde dos indicadores das instituições cooperativas, ressalta este modelo como uma alternativa sustentável e bem-sucedida para ampliar o acesso da população e empreendedores a produtos e serviços bancários e, sobretudo, ao crédito – condição historicamente identificada como requisito para o desenvolvimento e bem-estar de segmentos e comunidades fragilizadas, inclusive em períodos de crise e desaceleração como a que acontece atualmente em decorrência da Covid-19.

Os efeitos positivos são potencializados pelas características da organização e operação das cooperativas de crédito, que se inserem de forma mais ativa e participativa na vida das comunidades, construindo laços mais próximos e alinhados com as necessidades e finalidades dos cooperados. Alicerçadas em seus valores e princípios diferenciais, as cooperativas constituíram-se como uma alternativa viável e sustentável para a inclusão financeira de famílias, pequenos produtores e empresas, garantindo-lhes acesso a recursos, produtos e serviços bancários essenciais para financiamento e consecução de seus objetivos econômicos.

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