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Opinião

O hospital além dos muros: a jornada do paciente como bússola da saúde

A missão não é apenas gerir prédios e equipamentos, mas orquestrar um ecossistema de cuidado que enxergue o indivíduo em sua totalidade

Redação Jornal de Brasília

03/07/2025 12h17

Foto: Agência Brasil

Marcello Caio de Souza Reis*

Recentemente, o mundo comemorou o Dia do Hospital. Em pleno século XXI, em uma época de valorização da saúde, longevidade e qualidade de vida, o que define um hospital?

Por muito tempo, a resposta esteve ligada à estrutura física: um local para diagnóstico e tratamento de doenças. Hoje, essa visão é insuficiente. Gerir unidades hospitalares relevantes para a população é assumir o desafio de ressignificar essa resposta. A missão não é apenas gerir prédios e equipamentos, mas orquestrar um ecossistema de cuidado que enxergue o indivíduo em sua totalidade.

A verdadeira transformação na saúde começa quando deslocamos o foco do procedimento para a pessoa. Cada paciente chega até nós com uma história, com medos, esperança e uma vida que existe fora de nossas paredes. Entender e valorizar as narrativas que compõem cada jornada é a bússola que deve guiar nossas decisões, do diagnóstico ao tratamento, da alta ao acompanhamento posterior. Não se trata de um conceito abstrato, mas de uma prática diária que redefine a experiência com o cuidado.

Um exemplo tangível desse compromisso é a recente inauguração de um Serviço de Oncologia voltado não apenas para abrigar a mais avançada tecnologia no tratamento de câncer, mas para ser um ambiente que acolhe, oferece dignidade e compreende a complexidade emocional do paciente oncológico e de sua família. Cada detalhe – do concierge à enfermeira navegadora, dos boxes de infusão com acompanhante às clínicas para consultas – foi planejado para reduzir a ansiedade e tornar o processo, ainda que difícil, o mais sereno possível.

É a materialização da crença de que a arquitetura e o ambiente também são agentes terapêuticos tanto quanto a equipe multiprofissional.

Esse movimento exige uma mudança cultural profunda. Exige que médicos, enfermeiros e toda a equipe sejam incentivados a ouvir mais, a se comunicar com mais clareza e a se verem como parceiros na jornada de saúde de cada paciente. A excelência técnica é inegociável, mas ela atinge seu potencial máximo quando aliada a uma conexão genuína. Melhorar a experiência do paciente não é sobre luxo, mas sobre respeito. É garantir que ele se sinta seguro, informado e, acima de tudo, acolhido.

O futuro da saúde, no Distrito Federal e em todo o mundo, passa pela construção de sistemas integrados, em que a prevenção, o tratamento e a reabilitação conversam de forma fluida. Os hospitais são os pilares centrais dessa estrutura, mas seu papel transcende a cura de enfermidades. Eles devem ser centros de promoção de bem-estar, catalisadores de uma comunidade mais saudável e guardiões das histórias de vida que lhes são confiadas.

É com essa perspectiva e energia que iniciamos este novo capítulo, prontos para construir um futuro em que cada jornada do paciente seja nosso principal legado.

*Marcello Caio de Souza Reis é médico, especialista em clínica geral, diretor do Hub DF da Kora Saúde e diretor-geral do Hospital Anchieta Taguatinga.

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