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Opinião

O crescimento do Made in Italy: uma perspectiva de integração global

O Made in Italy é sinônimo de artesanato impecável, design inovador e uma rica herança cultural

Redação Jornal de Brasília

16/07/2025 19h37

italy weather monument

Foto: Martin LELIEVRE / AFP

Por Renata Bueno*

O conceito de “Made in Italy” transcende a simples ideia de um rótulo de origem; ele representa a essência da excelência italiana, um símbolo de qualidade, inovação e tradição que conquistou o mundo.

Como ex-parlamentar italiana, acompanhei de perto o impacto global dessa marca e sua relevância para a economia, a cultura e a identidade italiana, especialmente no contexto das comunidades ítalo-descendentes, como a do Brasil. Hoje, quero compartilhar uma reflexão sobre o crescimento do Made in Italy, seus desafios e seu potencial em um mundo globalizado.

O Made in Italy é sinônimo de artesanato impecável, design inovador e uma rica herança cultural. Setores como moda, gastronomia, design de móveis, automotivo e tecnologia têm projetado a Itália como um farol de criatividade e sofisticação. Marcas como Ferrari, Gucci, Barilla e Poltrona Frau, além de produtos regionais como o Parmigiano Reggiano e o Prosecco, são embaixadores globais da qualidade italiana. Esse prestígio não é apenas econômico; ele carrega uma narrativa de história, paixão e dedicação que ressoa em todos os continentes.

Nos últimos anos, o Made in Italy experimentou um crescimento notável, impulsionado por uma demanda global por produtos que combinam tradição com inovação. Dados recentes indicam que as exportações italianas atingiram €626 bilhões em 2023, com setores como moda e alimentos liderando o caminho (fonte: ISTAT). Países como os Estados Unidos, China e Brasil têm se tornado mercados estratégicos, onde a apreciação pelo design e pela qualidade italiana continua a crescer. No Brasil, por exemplo, a comunidade ítalo-brasileira, com mais de 30 milhões de descendentes, desempenha um papel crucial na promoção desses produtos, seja por meio do consumo ou de iniciativas empreendedoras.

Como ítalo-brasileira, testemunhei como a diáspora italiana contribui para o fortalecimento do Made in Italy. No Brasil, a influência italiana é visível em áreas como a gastronomia, com a popularidade de produtos como massas artesanais e vinhos, e no setor de design, onde móveis e objetos italianos são valorizados por sua estética única. Além disso, iniciativas como a minha própria, com a fábrica de queijos italianos Mozzarellart, demonstram como é possível unir a tradição italiana à inovação local, criando produtos que respeitam as raízes culturais enquanto atendem às demandas do mercado brasileiro.

As comunidades ítalo-descendentes também desempenham um papel político e social na promoção do Made in Italy. Durante meu mandato no Parlamento Italiano, trabalhei para fortalecer os laços entre a Itália e a América do Sul, promovendo acordos de cooperação cultural e econômica. Um exemplo foi a adesão do Brasil à Convenção da Apostila de Haia, que simplificou processos de reconhecimento de documentos, facilitando o intercâmbio comercial e cultural. Essas ações reforçam a ponte entre os dois países, permitindo que o Made in Italy prospere em novos mercados.

Apesar de seu sucesso, o Made in Italy enfrenta desafios significativos. A concorrência global, especialmente de países com custos de produção mais baixos, exige que a Itália

invista continuamente em inovação e sustentabilidade. A falsificação de produtos italianos também é uma ameaça constante, que prejudica a reputação e a economia do país.

Durante meu mandato, defendi medidas para proteger a autenticidade dos produtos italianos, como a certificação de origem e o combate à “máfia dos coiotes”, que explora a busca pela cidadania italiana para fins fraudulentos.

Por outro lado, as oportunidades são imensas. A digitalização e o comércio eletrônico abriram novos canais para que pequenas e médias empresas italianas alcancem consumidores globais. Além disso, a crescente demanda por produtos sustentáveis e éticos favorece o Made in Italy, que tem na sua essência a valorização do trabalho artesanal e da produção responsável. A Itália deve continuar a investir em parcerias internacionais, como as que promovi entre universidades e empresas da América do Sul e da Itália, para fomentar a inovação e o intercâmbio cultural.

A perspectiva para o Made in Italy está diretamente ligado à sua capacidade de se adaptar a um mundo em constante mudança, sem perder sua essência. Como advogada e presidente do Instituto Cidadania Italiana, acredito que a promoção do Made in Italy deve ir além do comércio, abraçando a cultura e os valores que ele representa. Isso inclui investir na educação de jovens talentos, apoiar o empreendedorismo feminino, uma causa pela qual sempre lutei e fortalecer as conexões com as comunidades ítalo-descendentes ao redor do mundo.

No Brasil, o potencial para o crescimento do Made in Italy é enorme. A paixão dos brasileiros pela cultura italiana, aliada à força econômica do país, cria um ambiente fértil para parcerias comerciais e culturais. Projetos como seminários internacionais, feiras de produtos italianos e intercâmbios acadêmicos podem ampliar ainda mais essa influência, beneficiando tanto a Itália quanto os países que abraçam sua herança.

O Made in Italy é mais do que um selo de qualidade; é um legado que une tradição e inovação, conectando pessoas e culturas em todo o mundo. Como ítalo-brasileira, tenho orgulho de contribuir para esse legado, seja por meio de iniciativas políticas, empresariais ou culturais. O crescimento do Made in Italy depende de nossa capacidade de proteger sua autenticidade, abraçar a inovação e fortalecer os laços globais. Juntos, podemos garantir que a excelência italiana continue a inspirar e encantar o mundo por muitas gerações.

Renata Bueno é uma parlamentar ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, DF, Brasil. Conhecida por seu envolvimento na política e na defesa dos direitos dos descendentes de italianos no Brasil. Renata Bueno foi eleita deputada federal em 2010, sendo a primeira mulher eleita pelo Partido Socialista Italiano (PSI) fora da Itália. Sua atuação política tem sido focada em temas relacionados à cidadania italiana, imigração, e fortalecimento dos laços entre Brasil e Itália. Ela é presidente da Associação pela Cidadania Italiana no Brasil e tem trabalhado para facilitar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de italianos no país. Além de parlamentar, Renata é advogada e empresária, com o Instituto Cidadania Italiana e Mozzarellart.

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