Por Renata Bueno*
As ondas de calor que atingem a Europa em 2025 estão entre as mais severas já registradas e a Itália está vivendo um dos verões mais quentes de sua história recente. Em cidades como Roma, Milano, Bologna e Napoli, os termômetros frequentemente ultrapassam os 40°C, enquanto regiões como Calabria, Sicilia e Sardegna enfrentam incêndios florestais que colocam vidas em risco e afetam a biodiversidade local. O governo italiano declarou estado de emergência em diversas áreas, reforçando o alerta para a gravidade da situação.
De acordo com dados do Copernicus Climate Change Service, a Europa está aquecendo quase três vezes mais rápido que a média global. Na Itália, o mês de julho de 2025 apresentou uma média de 2,5°C acima do normal, com ondas de calor mais duradouras e intensas. O fenômeno tem impactos diretos na saúde pública, com aumento dos atendimentos por insolação, desidratação e agravamento de doenças respiratórias e cardiovasculares.
Como residente da Puglia e atuante entre Itália e Brasil, observo de perto os desafios trazidos por essas mudanças. Mais do que um fenômeno natural passageiro, o calor extremo exige atenção e preparação. Não se trata apenas de desconforto, é uma questão de saúde, segurança e adaptação. Por isso, torna-se fundamental que o país, em todos os níveis, tenha planos bem estruturados para lidar com eventos climáticos extremos e mitigar seus efeitos nas áreas urbanas e rurais.
Além de medidas institucionais, a população precisa estar informada e tomar precauções simples, porém eficazes, no dia a dia: como beber bastante água, mesmo sem sentir sede e evitar bebidas alcoólicas e com cafeína. Evitar exposição direta ao sol entre 10 e 16 horas. Usar roupas leves, claras e confortáveis, além de chapéus e óculos escuros. Procurar locais frescos e ventilados. Usar ventiladores ou ar-condicionado quando possível, mas sempre mantendo a hidratação. Oferecer ajuda a pessoas idosas, com doenças crônicas e crianças pequenas, que são mais vulneráveis. E em caso de tontura, náusea ou sensação de fraqueza, procurar atendimento médico imediatamente.
Muitas cidades italianas oferecem estruturas públicas onde é possível se proteger do calor. Algumas opções incluem fontanas e bebedouros públicos presentes em quase todas as cidades, especialmente em centros históricos. Em Roma, por exemplo, os famosos “nasoni” oferecem água potável e fresca gratuitamente.
Museus, bibliotecas e igrejas, além de cultura e história, esses espaços costumam ter boa climatização e oferecem abrigo temporário do calor.
Parques urbanos e jardins públicos como o Villa Borghese (Roma), Parco Sempione (Milano) e o Giardino Bellini (Catânia), que têm áreas sombreadas e fontes.
Shoppings centers e estações de trem possuem estruturas com ar-condicionado onde se pode fazer uma pausa.
Prefeituras e centros comunitários de algumas regiões, especialmente no norte da Itália, abrem espaços chamados “refugi anti-caldo”, especialmente preparados para acolher idosos durante as ondas de calor.
É importante que cada um faça a sua parte, cuidando de si e do próximo, mas também que haja uma preparação contínua por parte das autoridades. A criação de planos de adaptação climática, campanhas de conscientização e investimento em infraestrutura verde e sustentável são passos importantes para tornar as cidades mais resilientes.
A crise climática é um desafio global e já está transformando a vida cotidiana. Enfrentá-la requer união, responsabilidade e ação. A Itália, como muitos países, está diante de um novo cenário e tem todas as condições de liderar soluções eficazes e solidárias.
