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Opinião

Água e saneamento como direito humano: Reflexões na Semana Mundial da Água

Os dados são alarmantes: 1 em cada 4 pessoas, aproximadamente 2,1 bilhões de indivíduos, não tem acesso a água potável gerenciada com segurança

Redação Jornal de Brasília

27/08/2025 13h49

torneira agua

Foto: Paulo H. Carvalho/Agência Brasília

Por Renata Bueno*

Entre os dias 24 e 28 de agosto, celebra-se a Semana Mundial da Água, um momento crucial para refletirmos sobre o acesso à água potável, ao saneamento básico e à higiene, elementos fundamentais para a dignidade humana e o exercício pleno dos direitos humanos.

Apesar dos avanços globais desde 2015, os números apresentados no relatório “Progresso em água potável, saneamento e higiene domiciliar 2000 – 2024”, publicado pela UNICEF e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), revelam que ainda estamos longe de garantir esses direitos básicos a bilhões de pessoas.

Os dados são alarmantes: 1 em cada 4 pessoas, aproximadamente 2,1 bilhões de indivíduos, não tem acesso a água potável gerenciada com segurança. Desses, 106 milhões bebem diretamente de fontes superficiais não tratadas, expondo-se a doenças e condições de vida precárias. Além disso, 3,4 bilhões de pessoas carecem de saneamento básico adequado, com 354 milhões ainda praticando a defecação a céu aberto, uma realidade que compromete a saúde pública e a dignidade humana.

Por fim, 1,7 bilhão de pessoas não possuem instalações básicas para lavar as mãos em suas residências, incluindo 611 milhões sem acesso a qualquer tipo de instalação. Esses números não são apenas estatísticas; eles representam vidas marcadas pela desigualdade e pela exclusão.

A água potável e o saneamento básico são reconhecidos como direitos humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas desde 2010. Esse reconhecimento reforça que o acesso a esses recursos é essencial para a sobrevivência, a saúde e a qualidade de vida.

A ausência de água potável e saneamento adequado perpetua ciclos de pobreza, doenças e discriminação, afetando desproporcionalmente mulheres, crianças e comunidades marginalizadas. Garantir esses direitos não é apenas uma questão de infraestrutura, mas de justiça social e compromisso com a dignidade de todos.

A Semana Mundial da Água nos convida a transformar esses desafios em ação. Embora progressos tenham sido feitos, como a redução do número de pessoas sem acesso a água potável desde 2000, a velocidade das mudanças é insuficiente para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, especialmente o ODS 6, que visa garantir água e saneamento para todos.

É imprescindível que governos, organizações internacionais, sociedade civil e setor privado unam esforços para investir em infraestrutura, promover políticas públicas inclusivas e priorizar comunidades vulneráveis.

Como advogada internacional, defendo que o direito à água e ao saneamento deve ser tratado como uma prioridade inegociável. Isso exige não apenas recursos financeiros, mas também vontade política e cooperação global. Projetos de acesso à água potável e saneamento devem ser acompanhados de educação em higiene, empoderamento comunitário e proteção ambiental, garantindo a sustentabilidade dos recursos hídricos. Além disso, é fundamental que as vozes das populações mais afetadas sejam ouvidas na formulação de soluções.

A Semana Mundial da Água é um lembrete de que a luta por esses direitos é também uma luta por uma qualidade de vida digna. Não podemos aceitar que, em pleno século XXI, bilhões de pessoas sejam privadas de algo tão básico quanto água limpa e saneamento.

Que este momento inspire ações concretas, parcerias globais e um compromisso renovado com a justiça e a igualdade. Afinal, garantir água e saneamento para todos é mais do que um objetivo de desenvolvimento, é um imperativo moral e humano.

Renata Bueno é uma parlamentar ítalo-brasileira nascida em 1979 em Brasília, DF, Brasil. Conhecida por seu envolvimento na política e na defesa dos direitos dos descendentes de italianos no Brasil. Renata Bueno foi eleita deputada federal em 2010, sendo a primeira mulher eleita pelo Partido Socialista Italiano (PSI) fora da Itália. Sua atuação política tem sido focada em temas relacionados à cidadania italiana, imigração, e fortalecimento dos laços entre Brasil e Itália. Ela é presidente da Associação pela Cidadania Italiana no Brasil e tem trabalhado para facilitar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes de italianos no país. Além de parlamentar, Renata é advogada e empresária, com o Instituto Cidadania Italiana e Mozzarellart.

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