Menu
Opinião

2021: A dor que ensina a gemer…

Redação Jornal de Brasília

16/12/2021 21h45

Foto: Agência Brasil

O Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica (CONFIES) encerra o ano com uma sensação dupla no balanço de 2021. Com saldo histórico nas captações de recursos pelas fundações de apoio às universidades, na ordem de R$ 7,5 bilhões. E frustração com as tentativas de recomposição do orçamento da ciência e tecnologia, cujos recursos de direito do FNDCT que sustentam às agências de fomento mais tradicionais da ciência no País, como CAPES e CNPq, vêm sendo desviados pelo governo federal. Ou seja, uma bomba prestes a estourar dada às implicações para sobrevivência de mais de 40 mil grupos de pesquisa do País.

Nesse tempo, caso não ocorra algo diferente que mude esse governo, os grupos de pesquisa começarão a se desfazer e os jovens pesquisadores refugiados completarão o ciclo de migração para outros países, a chamada fuga de cérebros.

Foi um ano de luta da comunidade cientifica representada por instituições respeitáveis como a ABC, SBPC, ANDIFES, CONFAP, CONSECTI, CONIF e o CONFIES para citar apenas algumas, associadas à ICTBr – Iniciativa de Ciencia e Tecnologia no Parlamento, que emitiram dezenas de cartas às autoridades do Poder Executivo e ao Parlamento brasileiro. Foram vários alertas sobre os riscos presentes e futuros para a nação brasileira, com o massacre da atividade de ciência nacional.

As universidades – responsáveis pela produção de 95% do conhecimento científico do País – com seus orçamentos cortados em 18% o ano passado agora terão mais de 6% de cortes adicionais, graças ao chamado orçamento secreto, definharão.
Não faltou energia para as entidades realizarem manifestações de denúncia dessa situação sob a forma de vários tuitaços, dias de luta com dezenas ou centenas de entidades reunidas, reuniões com parlamentares e etc.

Mas tudo tem seu lado ruim e bom. A crise da falta de recursos, como a dor que ensina a gemer, fez com que a comunidade acadêmica procurasse as 93 fundações de apoio associadas ao CONFIES, e alavancassem por meio delas R$ 7,5 bilhões no ano passado, dado de 2020. O valor supera 58% o arrecadado em 2019, de cerca de R$ 5 bilhões. Para se ter uma ideia da quantia, todo o orçamento das 69 IFES (instituições federais de ensino e pesquisa) vão a R$ 5,3 bilhões. Ou seja, superamos a marca em mais de R$ 2 bilhões. Uma lição para os que não acreditavam nas fundações de apoio como instrumento complementar de captação de recursos para a pesquisa. Infelizmente, as fundações nem sempre receberam o reconhecimento que mereceriam como responsáveis pelo suprimento de meios gerencias e de recursos para os mais de 20 mil projetos de pesquisa que anualmente conduzem.

É tempo de aprender com a crise. Dela, além das trágicas consequências, podemos tirar ensinamentos para um futuro melhor.

*Fernando Peregrino
Presidente da CONFIES
Diretor da COPPETEC/Fundação de apoio da UFRJ

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado