NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS)
O líder chinês, Xi Jinping, participou nesta segunda-feira (17) pela manhã no Grande Salão do Povo, em Pequim, madrugada no Brasil, de um encontro com alguns dos principais líderes de empresas privadas da China, sobretudo de tecnologia, numa demonstração do poderio crescente do país no setor.
Xi assegurou aos empresários, segundo relatos na mídia oficial chinesa, que o país “continuará a promover a abertura do campo competitivo a todos os tipos de entidades empresariais e continuará a fazer esforços para resolver o problema do financiamento difícil e caro para as empresas privadas”.
Prometeu “encorajamento, apoio e orientação inabaláveis para o setor não público da economia”.
Acrescentou que “os desafios enfrentados pelo setor privado são temporários e podem ser superados”.
Conclamou empresas e empreendedores a “deixar sua marca”, afirmando que “este é o momento”.
Um vídeo de 45 segundos (aqui, via canal iFeng) mostrou que falaram, além de Xi, Ren Zhengfei, da Huawei, empresa de tecnologia e telecomunicações; Wang Chuanfu, da BYD, montadora de carros elétricos; Liu Yonghao, da New Hope, de alimentos; Yu Renrong, da Will, de semicondutores; Wang Xingxing, da Unitree, de robótica; e Lei Jun, da Xiaomi, de eletrodomésticos, smartphones e carros elétricos.
Sentaram-se diante de Xi, pelas imagens, como analisadas por usuários chineses de internet, Ren Zhengfei como convidado de honra, no centro, e Wang Chuangfu em segundo destaque. Também estava na primeira fileira Liang Wenfeng, da DeepSeek, startup de inteligência artificial que abalou o setor nos últimos dois meses.
Destacaram-se ainda Jack Ma ou Ma Yun, do Alibaba, de comércio eletrônico e finanças; Pony Ma ou Ma Huateng, da Tencent, grupo do aplicativo WeChat e de videogames; Zeng Yuqun, da CATL, de baterias; Leng Youbin, da Feihe, de leite infantil; Nan Cunhui, do grupo Chint, de energia; Qi Xiangdong, da Qi’anxin, de segurança cibernética; e Liu Qingfeng, da iFlytek, de inteligência artificial, entre aqueles identificados por mídia e mídia social chinesa.
A presença de Jack Ma marca sua reaproximação com o regime, após um discurso crítico ao poder central em 2020 que levou o Alibaba a uma extensa investigação, parte de um esforço para conter a influência das Big Techs chinesas. Entre outras, não teriam tomado parte do encontro desta segunda a ByteDance, do TikTok, a Baidu, de internet e inteligência artificial, e a JD.com, de comércio eletrônico.
Estiveram presentes o primeiro-ministro Li Qiang, que concentra as relações com a iniciativa privada, seu vice, Ding Xuexiang, e o presidente da Conferência de Consulta Política, Wang Huning, membros ao lado de Xi do Comitê Permanente do Politburo do Partido Comunista, o centro do poder no país.
Em sua cobertura do seminário, o canal de notícias CGTN, ligado à rede estatal CCTV, destacou que os legisladores chineses neste momento “estão deliberando sobre o esboço da primeira lei básica especificamente voltada ao crescimento do setor privado”, visando otimizar seu ambiente de desenvolvimento e “impulsionar o crescimento de alta qualidade”.
Segundo o canal, o setor privado responde por mais de 60% do PIB chinês, mais de 70% das inovações tecnológicas e mais de 80% do emprego urbano.