O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recusou-se nesta sexta-feira (31) a retomar as negociações comerciais com o Canadá, uma semana após encerrá-las devido a uma disputa em torno de uma propaganda sobre tarifas exibida na televisão canadense.
“Gosto muito [do primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney]”, declarou Trump a jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One, “mas o que eles fizeram foi errado”.
Portanto, “não”, as discussões não serão retomadas, respondeu o presidente a um jornalista, embora, segundo ele, o primeiro-ministro canadense “tenha se desculpado”.
Trump acusou o Canadá de “jogo sujo” depois que a província de Ontário exibiu um polêmico anúncio com declarações do ex-presidente republicano Ronald Reagan sobre tarifas, que, segundo Trump, foram distorcidas. Ontário retirou a propaganda do ar.
O presidente reagiu com força à campanha publicitária canadense contra o protecionismo: interrompeu abruptamente as negociações comerciais bilaterais e, em seguida, impôs um aumento adicional de 10% nas tarifas sobre produtos canadenses.
Apesar disso, Trump reiterou que mantém “uma boa relação” com Mark Carney e que os dois tiveram “uma boa conversa” à margem da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec), realizada na Coreia do Sul.
Dias antes, durante outra cúpula, na Malásia, Carney havia reiterado que o Canadá estava “pronto” para retomar as negociações comerciais com Washington.
A ruptura das negociações comerciais representa uma virada repentina na relação entre dois aliados históricos, abalada pelo retorno de Donald Trump ao poder em janeiro.
O Canadá é o segundo maior parceiro comercial dos Estados Unidos e um importante fornecedor de aço e alumínio para as indústrias americanas.
A grande maioria das trocas transfronteiriças continua isenta de tarifas, graças ao acordo de livre-comércio Estados Unidos-México-Canadá (T-MEC), mas as sobretaxas setoriais globais impostas pelo republicano têm afetado duramente Ottawa.
© Agence France-Presse