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Trump é ‘muito imprevisível’ e não respeita população da Groenlândia, diz premiê na véspera de eleição

Durante seu anual discurso de Estado da União ao Congresso, na última terça (4), Trump reiterou seu interesse em adquirir a ilha, pintando um quadro de prosperidade e segurança para as “pessoas incríveis” da Groenlândia

Redação Jornal de Brasília

10/03/2025 17h45

us politics trump

Foto: AFP

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Na véspera de a Groenlândia ir às urnas para renovar o Parlamento local, o primeiro-ministro, Mute Egede, afirmou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é “muito imprevisível” e não tratou sua população com respeito desde que expressou interesse em adquirir a ilha no Ártico, que é um território autônomo da Dinamarca.

“As atitudes recentes do presidente dos EUA fazem com que ninguém queira se aproximar tanto [dos americanos] como gostaria no passado”, disse Egede. “Merecemos ser tratados com respeito e não acredito que Trump tenha feito isso ultimamente desde que assumiu o cargo.”

Durante seu anual discurso de Estado da União ao Congresso, na última terça (4), Trump reiterou seu interesse em adquirir a ilha, pintando um quadro de prosperidade e segurança para as “pessoas incríveis” da Groenlândia.

O americano reafirmou esse desejo em postagem em sua plataforma Truth Social, no domingo (9):

“Continuaremos a mantê-los seguros, como temos feito desde a Segunda Guerra Mundial. Estamos prontos para investir bilhões de dólares para criar novos empregos e enriquecê-los.”

Uma pesquisa recente indicou que 85% dos groenlandeses não desejam se tornar parte dos EUA, e quase metade vê o interesse de Trump como uma ameaça.

Egede afirmou que é necessário estabelecer limites e se empenhar mais em fortalecer relações com países que demonstram respeito pelo futuro que a Groenlândia deseja construir.

Segundo o primeiro-ministro, depois das eleições desta terça (11) é necessário um plano de ação para a independência. Egede tem repetido que a Groenlândia, cuja população é de apenas 57 mil habitantes, deve decidir sobre seu próprio futuro. Seu partido de centro-esquerda, o IA (Inuit Ataqatigiit, Comunidade dos Povos, em groenlandês), tem uma plataforma independentista. A maioria dos habitantes da Groenlândia declara não querer ser nem dinamarquesa nem americana, mas sim groenlandesa.

A Groenlândia -cuja capital, Nuuk, está mais próxima de Nova York (cerca de 3.000 km) do que de Copenhague, capital dinamarquesa, a 3.500 km- possui riquezas minerais, de petróleo e gás natural, mas o desenvolvimento tem sido lento, e sua economia permanece fortemente dependente, por enquanto, da pesca, bem como de subsídios anuais da Dinamarca. O governo de Copenhague cobre mais da metade do orçamento público da Groenlândia, com repasses anuais em torno de € 645 milhões (R$ 4 bilhões).

Esse fator também dificulta o movimento pró-independência.

O próprio IA já disse que não vai convocar um referendo após a eleição geral caso continue no poder, em um sinal de cautela diante do possível impacto econômico da medida. Das 31 cadeiras do Inatsisartut, o Legislativo local, a coalizão governista atualmente tem 21, e a oposição, 10.

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