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Talibãs proíbem construir janelas onde mulheres possam ser vistas

As prefeituras e outras autoridades competentes deverão acompanhar as obras para garantir que não seja possível ver as casas dos seus vizinhos

Redação Jornal de Brasília

29/12/2024 16h35

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Foto: AFP

Cabul, Afeganistão

O líder dos talibãs proibiu a construção de janelas em locais residentes onde as mulheres possam ser vistas e recomenda fechar o que já existem para evitar “obscenidades”.

Segundo um comunicado publicado na noite de sábado por Zabihullah Mujahid, porta-voz do governo talibã, os novos imóveis construídos a partir desse dia não poderão ter janelas através das quais se podem ver “o pátio, a cozinha, os poços comuns e outros lugares que as mulheres costumam usar”.

“Ver mulheres trabalhando em cozinhas, pátios ou tirando água de um poço pode levar a atos obscenos”, continua o documento divulgado por Mujahid na rede social X, escrito parcialmente em árabe, dari e pashto.

As prefeituras e outras autoridades competentes deverão acompanhar as obras para garantir que não seja possível ver as casas dos seus vizinhos, descreve o comunicado.

Caso já existam janelas, os talibãs convidaram os proprietários para construir um muro ou obstruir as vistas, para “evitar causar problemas aos vizinhos”, segundo o decreto.

Desde o retorno dos talibãs ao poder no país em 2021, as mulheres têm sido progressivamente expulsas dos espaços públicos, algo que as Nações Unidas descreveram como “apartheid de gênero”.

Atualmente, as mulheres afegãs não podem frequentar parques, academias, salões de beleza ou sair de casa sem acompanhante. Também não estão autorizados a frequentar o ensino médio ou superior e estão obrigados a abandonar os estudos após a conclusão do ensino fundamental.

Uma lei recente proibiu as mulheres de cantar ou recitar poesia sob uma aplicação ultraconservadora da lei islâmica, como muitas outras disposições talibãs. Esta lei incentiva as mulheres a esconderem suas vozes e corpos fora de casa, sob um véu.

Várias estações de rádio e televisão deixaram de transmitir vozes femininas.

O governo talibã afirma que a lei islâmica “garante” os direitos dos afegãos e das afegãs.

bur-cgo/cm/amp/eg/aa/jb

© Agence France-Presse

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