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Sudão enfrenta uma das piores crises humanitárias já registradas

Para o “desespero” da população, “uma paródia humanitária está ocorrendo no Sudão, sob um véu de negligência e inatividade internacional”

Redação Jornal de Brasília

20/03/2024 15h29

Foto: Divulgação/Acnur

Assombrado pela fome após quase um ano de guerra, o Sudão sofre “um dos piores desastres humanitários já vistos”, alertou um funcionário da ONU, que lamentou a “inatividade” da comunidade internacional diante de um conflito que já deixou 8 milhões de deslocados.

“De qualquer ponto de vista – da magnitude das necessidades humanitárias, da quantidade de pessoas deslocadas e ameaçadas pela fome -, o Sudão é um dos piores desastres humanitários já vistos”, declarou diante do Conselho de Segurança nesta quarta-feira (20) Edem Wosornu, em nome do secretário do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha, na sigla em inglês), Martin Griffiths.

Para o “desespero” da população, “uma paródia humanitária está ocorrendo no Sudão, sob um véu de negligência e inatividade internacional”, disse.

Os combates, iniciados em 15 de abril de 2023 entre o exército do general Abdel Fattah al-Burhane e as Forças de Apoio Rápido (FAR) do general Mohammed Hamdane Daglo, ex-número dois do governo, deixaram milhares de mortos e mais de oito milhões de deslocados, segundo a ONU.

No início de março, o Conselho de Segurança pediu um cessar-fogo “imediato” durante o Ramadã e acesso irrestrito à ajuda humanitária. Mas “desde então, lamento dizer que não houve grandes avanços no terreno”, alertou Edem Wosornu.

Quase 18 milhões de sudaneses enfrentam grave insegurança alimentar (fase 3 ou superior na escala de classificação de insegurança alimentar da IPC, que tem 5 fases), um número recorde para este período de colheita – 10 milhões a mais do que no mesmo período do ano passado. Atualmente, mais de 730.000 crianças sofrem de desnutrição aguda.

“Nossos parceiros humanitários estimam que nas próximas semanas ou meses, cerca de 222.000 crianças poderiam morrer de desnutrição”, insistiu Wosornu, referindo-se também ao risco de que crianças enfraquecidas morram de doenças evitáveis, em um momento em que mais de 70% dos centros de saúde já não funcionam.

© Agence France-Presse

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