Um bombardeio israelense deixou pelo menos 28 mortos nesta quinta-feira (10) na Faixa de Gaza, afirmando os socorristas, que afirmam que o ataque atingiu uma escola que abrigava deslocados. Os militares israelenses indicaram, por sua vez, que o edifício abrigava um centro de comando de combatentes.
Pelo menos 28 pessoas morreram num bombardeio contra uma escola em Deir el Balah, no centro de Gaza, um ataque que, segundo o Exército israelense, foi dirigido a “terroristas (…) em um posto de comando”.
No Líbano, o Exército israelense intensificou uma ofensiva contra o Hezbollah em 30 de setembro, com incursões terrestres no sul, após um ano de troca de disparos na fronteira com este grupo aliado ao Irã e ao movimento palestino Hamas.
A Finul, a força da ONU deslocada entre o Líbano e Israel, informou que dois capacetes azuis ficaram feridos por “disparos de um tanque israelense” contra seu quartel-geral no sul do Líbano.
A Finul indicou que os feridos são indonésios e que “continuam no hospital”, mas as suas lesões “não são graves”.
O ministro da Defesa italiana, Guido Crosetto, denunciou um ato “intolerável” e convocou o embaixador israelense. A Itália é o país ocidental que contribui com mais eficazes para este contingente, com cerca de 900 militares mobilizados.
O conflito entre Israel e o Hamas eclodiu após o ataque sem precedente do movimento palestino em solo israelense em 7 de outubro de 2023, o que feriu a morte de 1.206 pessoas, a maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados oficiais israelenses.
Em resposta, Israel lançou uma operação implacável na Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, na qual já morreu mais de 42.065 palestinos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde local, considerados confidenciais pela ONU.
Uma Comissão Independente da ONU acusou nesta quinta-feira Israel de “crimes de guerra e contra a humanidade” por atacar especificamente as instalações de saúde da Faixa de Gaza.
– “Não há que se envergonhar por perder” –
Após ter enfraquecido o Hamas em sua ofensiva em Gaza, o Exército israelense deslocou, em meados de setembro, a maior parte de suas operações para o Líbano, com o objetivo de combater o Hezbollah e permitir o retorno dos deslocados pela violência em sua fronteira norte .
Os bombardeios israelenses guiaram castigando nesta quinta-feira o subúrbio ao sul de Beirute, um dos redutos do Hezbollah, onde os ataques devastaram bairros inteiros e deixaram muitas pessoas na rua.
Ahmad, um homem de 77 anos que não quis revelar seu sobrenome por medo, afirmou que sua mensagem para o Hezbollah é que, se não puderem vencer, deverá “anunciar que se retiraram e que perderam”.
“Não há que se envergonhar por perder”, afirmou.
No sul do Líbano, na localidade de Derdghaiya, as equipes de resgate fizeram buscas entre os escombros de um centro da Defesa Civil, após um bombardeio israelense que matou cinco socorristas.
Apesar da morte de vários comandantes e do líder do movimento pró-iraniano, Hassan Nasrallah, num bombardeio israelense em 27 de setembro, o grupo afirma que continua operativo.
O Hezbollah reivindicou nesta quinta-feira que destruiu um tanque israelense, provocando vítimas. O veículo avançou em direção à localidade libanesa de Ras al Naqura, perto da fronteira, após o Exército israelense anunciar que havia deslocamentos mais específicos para essa área.
– Limitar o impacto sobre civis –
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, conversou por telefone na quarta-feira com o presidente americano, Joe Biden.
O tema principal da chamada foi a resposta de Israel ao ataque com mísseis lançados na semana passada pelo Irã, um aliado tanto do Hezbollah quanto do Hamas.
Biden pediu a Netanyahu que “limite ao máximo o impacto sobre os civis” no Líbano, informou a Casa Branca.
Netanyahu instou nesta semana os libaneses a “livrarem” seu país do Hezbollah, uma milícia que também é um partido com uma importante representação no Parlamento.
O líder israelense anunciou que o Líbano pode cair “no abismo de uma longa guerra”, com um nível de “destruição” semelhante ao de Gaza.
Desde que tiveram o início dos confrontos de artilharia entre Israel e Hezbollah, mais de 2.000 pessoas morreram no Líbano, das quais 1.200 perderam a vida desde a intensificação dos bombardeios israelenses em 23 de setembro, segundo um levantamento realizado pela AFP com base em dados oficiais.
Jeanine Hennis-Plasschaert, coordenadora especial da ONU para o Líbano, anunciou na quarta-feira que o país enfrenta uma situação “catastrófica”, com cerca de 600.000 deslocados internos, sendo mais da metade deles menores.
© Agence France-Presse