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Mundo

Rússia elogia e diz que concorda com estratégia de segurança dos EUA

Redação Jornal de Brasília

07/12/2025 17h01

trump e putin

Foto: AFP

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

A Rússia defendeu, neste domingo (7), a nova estratégia de segurança nacional dos Estados Unidos, baseada na abordagem nacionalista do presidente americano, Donald Trump, e disse que ela está “globalmente em conformidade” com a visão de mundo de Moscou.


“Os ajustes que observamos, eu diria, estão globalmente em conformidade com a nossa visão”, declarou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, em entrevista à televisão pública Rossia, referindo-se ao documento publicado na sexta-feira.


Peskov disse esperar que a nova estratégia americana “possa constituir uma garantia modesta para a capacidade de continuar de forma construtiva o trabalho conjunto para encontrar uma solução pacífica na Ucrânia”.


O documento publicado pelo governo Trump na sexta-feira (5) redefine a estratégia de segurança nacional do país. O texto fala sobre o “desaparecimento da civilização europeia” e defende a luta contra as “migrações em massa” e a restauração do “predomínio dos Estados Unidos na América Latina”.


Também declara que a Otan, a aliança militar liderada por Washington, não será ampliada, contrariando as esperanças do governo do ucraniano Volodimir Zelenski, que tenta negociar a paz, até aqui ditada pelos termos de Moscou.


A nova estratégia americana foi particularmente mal vista pelos aliados europeus de Washington. Desde que voltou à Casa Branca, e mesmo antes de vencer a eleição de 2024, Trump não escondia o desdém por líderes europeus e as críticas pelo que ele julga ser um gasto insuficiente com a defesa do continente, segundo Trump dependente dos EUA.


Com receio de perder de vez o aliado, no entanto, líderes europeus hesitam em criticar abertamente o americano.


Em publicação no X, por exemplo, Donald Tusk, primeiro-ministro da Polônia -um dos países temerosos da expansão russa e belicosos da União Europeia- escreveu que post dirigido aos “queridos amigos americanos” afirmando que “a Europa é seu aliado mais próximo, não seu problema”.


“Nós temos inimigos em comum. Ao menos tem sido assim nos últimos 80 anos. Temos que nos ater a isso, essa é a única estratégia razoável para nossa segurança compartilhada. A não ser que algo tenha mudado”, escreveu Tusk.


Já a chefe da política externa da União Europeia, Kaja Kallas, afirmou no sábado que os EUA continuam como o principal aliado do bloco.


Refletindo a mudança de tom e as prioridades de Washington, o número dois do Departamento de Estado, Christopher Landau, criticou os aliados europeus dos EUA.


“Ou as grandes nações da Europa são nossos parceiros na proteção da civilização ocidental que herdamos delas ou elas não são. Mas não podemos fingir que somos parceiros enquanto essas nações permitirem que a burocracia não eleita, não democrática e não representativa da UE em Bruxelas busque política de suicídio civilizacional”, escreveu Landau no X.


Neste sábado (6), a Rússia realizou um novo mega-ataque com drones e mísseis contra a infraestrutura energética da Ucrânia, em diversas regiões do país. Houve apagões e cortes no fornecimento de energia em várias delas, em um momento crítico de aproximação do inverno.


A ação ocorreu no momento em que enviados do governo Trump negociam com Moscou uma solução do conflito, enquanto enviados ucranianos vão aos EUA. Não há até aqui, no entanto, previsão de acordo no horizonte.


O documento da Casa Branca pontua ainda que “após anos de negligência”, os EUA agirão “para restaurar a preeminência americana no Hemisfério Ocidental e para proteger a pátria e o acesso a regiões geográficas importantes em toda a região”.


Defendeu também uma retomada da Doutrina Monroe do início do século 19, estratégia dos EUA que visava substituir a influência europeia nas Américas pela hegemonia de Washington sobre os outros países do continente, em especial os da América Latina -região considerada pelos EUA como seu quintal.


Na época, entretanto, a doutrina era mais bravata do que medida factível: em 1823, quando o presidente James Monroe articulou a estratégia, os EUA não tinham uma Marinha capaz de fazer frente às grandes potências europeias, casos de Reino Unido e França.


Duzentos anos depois, o cenário é outro. Naquilo que chama de aplicação de um “Corolário Trump” à doutrina, o governo americano deverá, segundo o texto, buscar acesso a recursos e localizações estratégicas na região, além de garantir que os países sejam “razoavelmente estáveis e bem governados para prevenir e desencorajar a migração em massa”.


Na mesma linha, sem citar países específicos, o documento sustentou um reajuste da “presença militar global” americana, com o intuito de combater o que chamou de “ameaças urgentes” e de “se afastar de cenários cuja importância relativa para a segurança nacional dos EUA diminuiu nas últimas décadas ou anos”.

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