FOLHAPRESS
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (4) que discutirá a situação da Venezuela e o aumento da presença militar dos Estados Unidos na América Latina durante a reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a União Europeia, cujo encontro de líderes ocorrerá nos próximos dias 9 e 10, em Santa Marta, na Colômbia. Segundo a assessoria da cúpula, Lula confirmou presença.
Em entrevista a jornalistas de agências internacionais em Belém, antes da cúpula do clima COP30, o presidente afirmou que a reunião da Celac só fará sentido se for para discutir a questão dos navios de guerra dos EUA.
Sob sua presidência rotativa, a Colômbia sedia o encontro de alto nível em parceria com a União Europeia, para discutir temas como transição energética e cooperação comercial. A crise Venezuela-EUA não estava originalmente na pauta.
A Venezuela enfrenta um problema político que deve ser resolvido no campo político, declarou Lula, acrescentando que disse a Trump em uma reunião recente que a América Latina é uma região de paz, não de guerra.
Há dois meses, forças americanas têm bombardeado barcos em suas águas, matando mais de 60 pessoas que estavam em embarcações no Caribe e no oceano Pacífico sob a justificativa de que transportavam drogas -sem apresentar evidências disso. O presidente Donald Trump alertou que “por terra será a próxima” -e depois negou que ataques terrestres estivessem por vir.
O esforço militar, que envolve o envio de navios para o Caribe e caças para Porto Rico, é visto como uma forma de pressionar Nicolás Maduro a deixar o poder. Washington afirma que o ditador lidera uma rede de tráfico de drogas chamada Cartel de los Soles, cuja existência é contestada por especialistas.
Na semana passada, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou “fortes pressões” dos Estados Unidos para reduzir a participação de países na cúpula da Celac, que será realizada em meio a uma crise diplomática com o governo de Donald Trump.
“É preciso denunciar que os EUA exercem fortes pressões sobre os países do Caribe para que não compareçam à cúpula em Santa Marta com a Europa”, disse Petro em sua conta na rede X.
A relação bilateral entre Colômbia e Estados Unidos, historicamente marcada por alianças comerciais e militares, se deteriorou nos últimos dias. Washington impôs sanções econômicas contra Petro, dois de seus familiares e o ministro do Interior, acusando o presidente de ser líder do narcotráfico, sem apresentar provas. Também revogou o visto de Petro e retirou a Colômbia da lista de países aliados na luta contra as drogas.
Petro rejeita a campanha militar antinarcóticos que o governo dos EUA ordenou no Caribe e no Pacífico e acusa Washington de realizar “execuções extrajudiciais” nos ataques.