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Repórteres são condenadas a 2 anos de prisão por filmar protestos na Belarus

As repórteres Daria Tchoultsova, 23, e Katerina Bakhvalova, 27, foram presas quando cobriam ao vivo, para a rede de TV Belsat, uma manifestação que tomou as ruas de Minsk após a morte de um pintor de 31 anos, Roman Bandarenko

Redação Jornal de Brasília

18/02/2021 14h11

Women dressed in white clothes protest against police violence during recent rallies of opposition supporters, who accuse strongman Alexander Lukashenko of falsifying the polls in the presidential election, in Minsk on August 12, 2020. (Photo by Sergei GAPON / AFP)

Ana Estela de Sousa Pinto
Bruxelas, Bélgica

Duas jornalistas belarussas foram sentenciadas nesta quinta (18) a dois anos de prisão por terem filmado, em novembro do ano passado, a repressão violenta a um protesto contra a ditadura de Aleksandr Lukashenko.


As repórteres Daria Tchoultsova, 23, e Katerina Bakhvalova, 27, foram presas quando cobriam ao vivo, para a rede de TV Belsat, uma manifestação que tomou as ruas de Minsk após a morte de um pintor de 31 anos, Roman Bandarenko.


Bandarenko foi preso pelas tropas de choque de Lukachenko ao tentar impedir que eles arrancassem fitas brancas e vermelhas amarradas no pátio de seu edifício -um sinal de protesto contra a ditadura. Vídeos divulgados naquela noite em redes sociais mostraram o pintor sendo espancado por policiais à paisana e levado em uma van sem identificação, para uma delegacia de polícia.


Duas horas depois, ele foi transferido para um hospital de Minsk, com traumatismo craniano, entrou em coma e morreu em seguida, segundo a mídia belarussa. Para prender as jornalistas no dia do protesto, a polícia arrombou a porta do apartamento no qual elas gravavam as imagens.


A promotoria acusou as repórteres de “incitar a população a se manifestar ilegalmente por meio de suas reportagens, o que minou gravemente a ordem pública” -na Belarus, manifestações são proibidas sem autorização do regime, e jornalistas têm sido presos por cobri-las, mesmo que estejam trabalhando, identificados e credenciados.


É a primeira vez que jornalistas são condenados criminalmente desde o começo dos protestos diários contra Lukashenko, em 9 de agosto de 2020, mas mais de 400 já foram detidos, dos quais boa parte foi condenada administrativamente a penas de detenção de até 25 dias. Onze estão presos à espera de julgamento.


Jornalistas e ativistas de direitos humanos se tornaram os principais alvos da repressão de Lukashenko nos últimos meses. Dezenas de sites independentes foram fechados e, na terça, o regime fez buscas em vários escritórios, entre eles o da Associação de Jornalistas da Belarus.

O governo afirmou que as entidades são acusadas de “apoiar os protestos e agir como agentes estrangeiros, organizando e financiando protestos sob o pretexto de atividades de direitos humanos”.


Nesta quarta (17), começou em Minsk o julgamento do ex-banqueiro Viktor Babariko, o mais promissor candidato de oposição a Lukachenko na eleição presidencial do ano passado, antes de ter sido preso pela ditadura. Babariko pode pegar até 15 anos de prisão sob acusação de lavagem de dinheiro e suborno.

Maria Kalesnikava, ex-chefe de campanha de Babariko e líder da campanha de oposição ao lado de Svetlana Tikhanovskaia, está na cadeia desde setembro, quando frustrou uma tentativa da polícia secreta de tirá-la à força do país.

As informações são da Folhapress

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