As autoridades da Venezuela libertaram quatro cineastas detidos na semana passada após fotografarem a fachada de uma prisão de segurança máxima, informaram ONGs na segunda-feira (3).
Os quatro cineastas trabalhavam em um projeto para a escola de Artes da Universidade Central da Venezuela. O Serviço Boliviano de Inteligência Nacional (Sebin) os deteve em 31 de outubro nas proximidades da prisão de Tocorón, no estado de Aragua (centro-norte).
Noel Cisneros e Katiuska Castillo são estudantes universitários, enquanto Ingrid Briceño e Marcela Hernández já trabalham como produtoras profissionais.
A Associação Venezuelana de Mulheres Cineastas – à qual pertencem – informou “com enorme alívio e alegria” sobre sua libertação. “Estão em liberdade, saudáveis e juntos às suas famílias”.
A ONG de direitos humanos Provea também relatou a libertação, assim como outras organizações.
Tocorón foi centro de operações da gangue venezuelana Tren de Aragua, cujos tentáculos se estenderam por todo o continente.
Os Estados Unidos a classificaram como organização terrorista, enquanto o governo venezuelano afirma que foi desmantelada e denuncia que está sendo usada como pretexto para atacar o presidente Nicolás Maduro.
Este presídio era uma espécie de cidadela controlada por gangues criminosas. Foi fechado em setembro de 2023 e reaberto em 2024 para abrigar centenas de detidos após as manifestações que estouraram depois da reeleição de Maduro, que a oposição denunciou como fraudulenta.
Várias ONGs e defensores dos direitos humanos alertam sobre um padrão contínuo de detenções “arbitrárias”.
No final de setembro, uma missão de especialistas da ONU alertou que a perseguição política na Venezuela está se intensificando.
Na semana passada, o Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) denunciou o desaparecimento do jornalista Joan Camargo. Seu paradeiro ainda é desconhecido.
No final de outubro, havia pelo menos 875 detidos “com fins políticos” na Venezuela, segundo a ONG Foro Penal.
AFP