Menu
Mundo

Putin quer encontrar Xi, mas China não confirma visita

Putin disse há três semanas, num evento de empresários em Moscou, que planejava visitar Pequim neste mês de maio

Redação Jornal de Brasília

13/05/2024 11h47

Foto: Alexei Druzhinin / Sputnik / AFP

NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS)

Questionado nesta segunda-feira (13) em entrevista coletiva se confirmava a visita do presidente da Rússia, Vladimir Putin, o porta-voz da diplomacia da China, Wang Wenbin, respondeu genericamente sobre as relações bilaterais e afirmou: “Não tenho nada a dizer sobre a questão específica que você mencionou.”

Putin disse há três semanas, num evento de empresários em Moscou, que planejava visitar Pequim neste mês de maio. Posteriormente, vazamentos indicaram que a visita estaria programada para estas quarta (15) e quinta (16), daí a pergunta ao porta-voz chinês. De sua parte, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, só confirmou a visita, não as datas.

A ansiedade russa se evidenciou na semana passada, quando Putin anunciou exercícios com armas nucleares no momento em que Xi Jinping iniciava sua visita à França, em que um dos temas foi a discussão de saídas para a Guerra da Ucrânia. A questão se estendeu aos encontros do líder chinês também na Sérvia e na Hungria.

Paralelamente, como informou a chancelaria chinesa na sexta (10), o enviado de Pequim para buscar saídas para a crise ucraniana, Li Hui, visitou ao longo da semana Turquia, Arábia Saudita e outros países, em busca de apoio para medidas visando conter o conflito. Também se comunicou, com o mesmo propósito, com os governos de Brasil, Indonésia, Cazaquistão e outros.

Entre as propostas que teriam alcançado “acordo amplo” estão convencer Rússia e Ucrânia a não ampliar os confrontos para mais regiões e a buscar condições para o diálogo direto das duas nações. Também teria havido concordância, entre os consultados por Li, na “oposição ao uso de armas nucleares e aos ataques a instalações nucleares pacíficas”.

A sequência de negociações diplomáticas chinesas prossegue nesta semana, sem vínculo direto com a guerra, com a visita do chanceler sul-coreano a Pequim e com a abertura das conversas em Genebra, na Suíça, entre a China e os Estados Unidos sobre inteligência artificial, inclusive de uso militar. Também foi anunciada, no Japão, a visita de uma comitiva militar chinesa, retomando intercâmbio que havia sido suspenso por Pequim.

China e Rússia têm apresentado sinais de distanciamento nos últimos meses. As exportações chinesas para Moscou, criticadas por Washington com ameaças de sanção, diminuíram 13% em março e 10,8% em abril com base na moeda chinesa, em relação aos mesmos meses do ano passado, segundo a Administração Geral de Alfândegas.

Pequim também elevou, na semana passada, as tarifas sobre a exportação de produtos para a Rússia. A medida foi recebida na imprensa russa como motivada em parte pelas filas na fronteira e pela falta de contêineres, mas também para responder temporariamente às pressões europeias.

De sua parte, a Rússia teria começado a importar “equipamentos de defesa” produzidos pela Índia, adversária geopolítica da China. Foi o que noticiou a imprensa indiana na semana passada, com repercussão na russa. Moscou teria usado para as operações o equivalente a US$ 4 bilhões de suas reservas na moeda indiana, acumuladas com a venda de petróleo.

Mais concretamente, as forças militares russas anunciaram na última sexta o início da construção de bases nas ilhas ao norte do Japão, ampliando o risco de conflito na Ásia num momento em que Pequim lida com tensão militar em várias frentes, inclusive no mar do Sul da China, com as Filipinas, e no estreito de Taiwan.

Na próxima segunda (20), toma posse o novo líder da ilha, Lai Ching-te, que é refratário a Pequim, embora tenha abandonado a defesa da independência de Taiwan durante a campanha eleitoral. A expectativa é para o tom do discurso de posse, que poderia iniciar nova crise. Para Pequim, a China continental e Taiwan são duas partes de uma só China.

Além das questões de segurança, a eventual cúpula Xi-Putin deve voltar a tratar da construção de um novo gasoduto, Power of Siberia 2. Defendida por Moscou, mas com resistência de Pequim, a obra pode ser abandonada e seguir outra rota, de menor custo. Prevista para atravessar a Mongólia, ela passaria agora pelo Cazaquistão.

O embaixador cazaque, Dauren Abayev, deu entrevista à agência Tass detalhando o projeto, que já teria sido assinado por seu país e por Moscou. As declarações ecoaram tanto em mídia estatal como social, em Pequim, alimentando os rumores que vêm de anos, sobre como o gás russo hoje fornecido à Europa poderia chegar à China.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado