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Prisão de vice-presidente deixa Sudão do Sul à beira de uma guerra, diz ONU

O acordo de divisão do poder entre os rivais Kiir e Machar foi desfeito gradualmente, com a ameaça de um retorno à guerra civil que deixou cerca de 400 mil mortos entre 2013 e 2018

Redação Jornal de Brasília

26/03/2025 23h10

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(ARQUIVOS) O vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Machar, participa de uma reunião do Papa Francisco com autoridades, líderes da sociedade civil e do corpo diplomático, no jardim do Palácio Presidencial em Juba, em 3 de fevereiro de 2023. O primeiro vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Machar, rival de longa data do presidente Salva Kiir, foi preso em 26 de março de 2025, uma ação descrita pela ONU como deixar o país à beira de um conflito generalizado. Um comboio de 20 veículos fortemente armados entrou na residência de Machar na capital Juba e o prendeu, de acordo com uma declaração emitida por um membro de seu partido, em uma escalada dramática de um conflito que vem se formando há semanas no país mais jovem do mundo. (Foto de Simon MAINA / AFP)

O primeiro vice-presidente do Sudão do Sul, Riek Machar, rival do presidente Salva Kiir, foi detido nesta quarta-feira (26), em uma ação que, segundo a ONU, deixa o país africano à beira de um conflito.

Um comboio formado por 20 veículos fortemente armados entrou na residência de Machar na capital Juba para detê-lo, segundo um comunicado emitido por um membro de seu partido, em uma escalada dramática do conflito que eclodiu nas últimas semanas no país mais jovem do mundo.

O acordo de divisão do poder entre os rivais Kiir e Machar foi desfeito gradualmente, com a ameaça de um retorno à guerra civil que deixou cerca de 400 mil mortos entre 2013 e 2018.

“Condenamos fortemente as ações inconstitucionais tomadas hoje pelo ministro da Defesa e o chefe de Segurança Nacional que, junto com mais de 20 veículos fortemente armados, entraram à força na residência do primeiro vice-presidente”, diz o comunicado.

“Seus seguranças foram desarmados e lhe foi apresentado um mandado de prisão com acusações pouco claras”, acrescenta o texto.

A Missão da ONU no Sudão do Sul (UNMISS) disse nesta quinta-feira (27, data local) que a prisão de Machar deixa o país à beira do abismo.

O titular da UNMISS, Nicholas Haysom, indicou em uma nota que “os dirigentes do país estão prestes a recair em um conflito generalizado”.

O rompimento do acordo de paz de 2018 “não apenas devastará o Sudão do Sul, mas também vai afetar toda a região”, acrescentou.

O Sudão do Sul, que declarou sua independência em 2011, continua assolado pela pobreza e a insegurança desde o acordo de paz.

Analistas assinalaram que Kiir, de 73 anos, buscou garantir sua sucessão e marginalizou Machar politicamente ao longo de várias reformas de gabinete.

Mais de 20 aliados políticos e militares de Machar no governo de unidade e no Exército foram detidos desde fevereiro.

© Agence France-Presse

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